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Estadão
Publicado em 30 de julho de 2024 às 11:07
Em meio à forte pressão internacional por transparência e as suspeitas sobre o processo eleitoral pelo qual o ditador Nicolás Maduro se declarou reeleito na Venezuela, o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota exaltando as eleições no País vizinho.
Na publicação, feita no site do partido e assinada pela Executiva Nacional da legenda, o PT chamou o ditador de "presidente Nicolás Maduro, agora reeleito" e defendeu que ele "continue o diálogo com a oposição". A ditadura chavista tem histórico de prisão de adversários políticos e alguns dos principais opositores de Maduro foram proibidos de concorrer.
A divulgação do resultado das eleições, feita pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pelo governo Maduro, se deu sem que as atas de votação sejam divulgadas e com observadores eleitorais sendo barrados. A postura gerou fortes repercussões internacionais e protestos nas ruas de Caracas e em várias outras regiões do país, sobretudo após pesquisas indicarem ampla vitória da oposição.
Apesar disso, o PT chamou o processo de "uma jornada pacífica, democrática e soberana". A sigla ainda culpou as sanções internacionais, impostas em razão das ações autoritárias de Maduro, como responsáveis pelos "graves problemas da Venezuela".
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela agredeceu o Partido dos Trabalhadores pelo reconhecimento do resultado das eleições venezuelanas.
"Em nome do presidente Nicolás Maduro, agradecemos ao PT, o partido no poder do Brasil, pelas suas calorosas felicitações pelo processo eleitoral de domingo. Agradecemos o reconhecimento do trabalho do poder eleitoral e dos resultados que demonstram a soberania do povo venezuelano", declarou o chanceler da Venezuela, Yvan Gil.
O governo brasileiro tem adotado postura pouco crítica à reeleição de Maduro. Países como Estados Unidos, Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai reagiram fortemente e rapidamente, já o Brasil foi mais ameno.
Nesta segunda-feira (29), o Itamaraty cobrou a divulgação das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela. Segundo o governo brasileiro, a publicização dos dados é "indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito". Diferentemente da sigla, o Palácio do Planalto evitou reconhecer Maduro como "presidente reeleito", embora sem fazer críticas diretas ao ditador, como fizeram outros países.
Como revelou a Coluna do Estadão, diplomatas brasileiros, ao lado de representantes do governo colombiano e mexicano, articulam uma declaração conjunta cobrando a divulgação das atas eleitorais. Apenas com a análise dos documentos, o governo Lula vai decidir se vai reconhecer ou não a reeleição de Maduro.