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Prontuário de menino que morreu 'comido' por bactéria menciona mãe como 'ansiosa'

Garoto de 13 anos ficou 26 dias internado antes de falecer

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 08:05

Miguel Fernandes Brandão
Miguel Fernandes Brandão Crédito: Reprodução

O prontuário médico do Hospital Brasília, referente ao menino de 13 anos que faleceu em novembro de 2024 devido a uma infecção bacteriana grave, traz anotações sobre a mãe do paciente, Genilva Fernandes, mencionando a “ansiedade” dela em pelo menos dois momentos diferentes. Em um dos relatórios, a equipe médica afirma que a mãe questionava repetidamente o quadro clínico do filho, sendo informada sobre a hipótese diagnóstica de uma infecção viral e a indicação de que não havia necessidade de antibióticos. Em outro, datado do dia seguinte, o documento descreve que a mãe estava “ansiosa” e preocupada com a febre do filho, além de repetir as mesmas perguntas sobre o diagnóstico. As informações são da Metrópoles. 

Miguel Fernandes Brandão morreu com o corpo necrosado, 26 dias depois de dar entrada no hospital. 

Genilva Fernandes, mãe de Miguel, acusa o Hospital Brasília de negligência médica, alegando que exames essenciais para identificar a infecção bacteriana não foram realizados a tempo. Ela também denunciou à Polícia Civil do Distrito Federal que a administração do hospital retardou a entrega do prontuário e outras informações sobre o atendimento. Em seu depoimento, Genilva contou que um infectologista afirmou que, caso Miguel tivesse sido transferido para a UTI mais cedo, as chances de sucesso no tratamento seriam maiores, já que o quadro era extremamente grave. A 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) está investigando o caso.

Miguel Fernandes começou a apresentar sintomas como febre, coriza e espirros no início de outubro de 2024, inicialmente tratados como rinite alérgica. Após a piora do quadro, ele foi levado ao Hospital Brasília em 14 de outubro, onde exames descartaram influenza e covid-19. No dia seguinte, surgiram novos sintomas, como vômitos, diarreia, unhas roxas e fraqueza nas pernas. O quadro continuava grave, mas o diagnóstico ainda não estava claro. Genilva criticou a demora na realização de exames e o atendimento inadequado, relatando ainda que o filho desenvolveu choque séptico e falência de órgãos.

A situação de Miguel piorou rapidamente, e ele foi transferido para a UTI após ser diagnosticado com infecção por streptococcus pyogenes e influenza A. A infecção causou sérios danos, incluindo necrose de tecidos, que exigiram raspagem. A condição de Miguel piorou com o tempo, levando a falência renal e cerebral, e ele foi submetido a procedimentos invasivos, como traqueostomia e hemodiálise. Miguel morreu na madrugada de 9 de novembro, em decorrência de choque séptico e falência múltipla dos órgãos.

No dia 18 de outubro, enquanto ainda estava no hospital, a mãe impediu a administração de medicamentos como o Tylenol, alegando que Miguel estava com dor no estômago e mostrando desconfiança da conduta médica. Poucas horas depois, o quadro de Miguel se agravou, e ele entrou em choque séptico, apresentando manchas roxas no corpo, o que indicava uma deterioração rápida e grave de sua saúde.

Em resposta à denúncia, a assessoria do Hospital Brasília afirmou, por meio de nota, que não pode divulgar informações sobre o histórico de saúde dos pacientes devido às normas de sigilo médico. A investigação sobre o caso continua.