Primo do ex-secretário de Saúde do RJ é sócio de laboratório envolvido em caso de órgãos infectados com HIV

Infecção de seis pacientes é investigada em incidente inédito

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Publicado em 11 de outubro de 2024 às 21:35

Doutor Luizinho ao lado de Walter e Matheus, sócios da clínica investigada
Doutor Luizinho ao lado de Walter e Matheus, sócios da clínica investigada Crédito: Reprodução

O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), investigado como o responsável pela infecção por HIV de seis pacientes transplantados, tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira. Ele é primo do ex-secretário de Saúde Doutor Luizinho. Outro sócio do laboratório é Walter Vieira, casado com a tia de Luizinho.

Embora tenha deixado o cargo, Doutor Luizinho era secretário durante o processo de contratação do laboratório, com influência no Estado do Rio de Janeiro. A irmã dele, Débora Lúcia Teixeira, trabalha na Fundação Saúde, empresa pública do estado que assina o contrato com o laboratório.

Luizinho, que também é deputado federal, foi secretário de Saúde de janeiro a setembro de 2023. Entre 2022 e 2024, o laboratório recebeu quase R$ 20 milhões em pagamentos, de acordo com dados do Portal da Transparência.

Carta marcada

A PCS-Saleme começou a receber os pagamentos sendo contratada, mas sem concorrência, como é recomendado no setor público. Em fevereiro do ano passado, a Fundação Saúde fechou um contrato com a empresa por dispensa de licitação.

Ainda disponível no Portal da Transparência, o erro do laboratório que causou a infecção dos transplantados, ocorreu numa contratação feita em dezembro de 2023, por R$ 11 milhões.

No dia da assinatura, Doutor Luizinho não era mais o secretário. 

Entenda o caso

Seis pessoas que estavam na fila do transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) receberam órgãos infectados pelo HIV e agora testaram positivo para o vírus. O incidente é inédito na história do serviço no Estado.

A notícia foi dada pela BandNews FM nesta sexta-feira (11). À TV Globo e ao g1, a SES-RJ confirmou as informações. O incidente também é investigado pelo Ministério da Saúde e pela Polícia Civil do RJ.

“Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”, declarou a SES-RJ em nota.

A Coordenadoria Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária Estadual interditaram o laboratório. O caso é investigado pela Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil.