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Carol Neves
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 14:08
Um mês depois da morte do adolescente Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, em Jericoacoara, no Ceará, o caso teve uma reviravolta. Segundo a Polícia Civil do estado, a informação inicial de que o rapaz teria sido morto por conta de um gesto feito com as mãos em uma foto foi descartada. As informações são do Metrópoles.
O delegado Júlio Morais, responsável pelo caso, diz que o real motivo do crime teria ligação com a camisa que Henrique vestia quando foi rendido e morto. Os suspeitos que já foram detidos afirmaram que a peça teria um símbolo que é associada a uma facção rival, o que levou os criminosos a seguirem e atacarem o adolescente.
Os depoimentos dos detidos indicam que Henrique teria ido até um ponto de venda de drogas na noite de 16 de dezembro, quando chamou atenção por conta da blusa.
“O Henrique não faleceu em virtude de ter feito um símbolo numa postagem no Instagram. Ele faleceu porque chamou atenção dos criminosos por estar vestindo uma blusa, que teria um símbolo ou desenho relacionado a um grupo criminoso rival. A partir disso, os criminosos, supostamente, o julgaram integrante do tal grupo e mexeram no celular dele para buscar mais informações”, diz o delegado.
Henrique passava férias em Jericoacoara com o pai quando foi morto por traficantes em dezembro do ano passado. A suspeita inicial é de que o crime teria sido motivado por conta de gestos que Henrique fez ao posar para fotos no local.
Antes de ser morto, Henrique foi torturado e teve uma orelha decepada por membros do Comando Vermelho (CV). Até agora, sete suspeitos de envolvimento no crime brutal já foram identificados. Três menores foram apreendidos.
Blusa é procurada
A peça de roupa que teria chamado atenção dos bandidos ainda não foi encontrada pela polícia. O celular de Henrique também está desaparecido. A imagem na camisa seria uma meia-lua. Em um vídeo que mostra Henrique rendido sendo levado pelos traficantes pouco antes de ser morto ele já aparece sem camisa.
Os suspeitos contaram também que verificaram o conteúdo do celular do adolescente, que teria imagens de armas e grupos de WhatsApp ligados ao grupo rival (PCC). Como o celular não foi achado, a polícia não confirma essa informação, mas diz que não houve contradições entre o que os suspeitos contaram até agora e o relato de testemunhas.
“Não temos absoluta certeza dessas informações. Não tivemos acesso ao celular da vítima. Ele nunca foi encontrado. A polícia crê nessa informação, porque não houve contradição das testemunhas e ela veio dos próprios envolvidos. Não tem como atestar que ela seja verídica, mas eu acredito que seja”, acrescenta o delegado.
Pai contesta
O pai de Henrique, Danilo Martins de Jesus, de 33 anos, diz que não está sendo informado sobre o andamento do caso e afirma que querem transformar o filho dele em bandido.
“Estão querendo inverter a situação, como se ele fosse bandido para abafar o caso. Meu filho não é bandido. Ele não foi a primeira nem será a última vítima do que acontece lá [em Jericoacoara], aquele lugar amaldiçoado”, afirmou ao Metrópoles.
No dia do crime, Henrique deixou o pai no centro da vila e disse que voltaria ao hotel mais cedo para descansar e carregar o celular. O pai não viu mais o jovem depois disso.
O corpo de Henrique foi encontrado um dia depois, em uma área mais afastada.