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Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 22:05
Os fatos que basearam a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas foram divididos em cinco peças acusatórias. O grupo é acusado de estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito. Os crimes são:>
Somadas as penas máximas, caso sejam condenados por todos esses crimes, os denunciados podem pegar até 38 anos de prisão.>
A denúncia da PGR foi oferecida nesta terça-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, analisará as denúncias.>
As peças acusatórias baseiam-se em manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens que revelam o esquema de ruptura da ordem democrática, segundo a Procuradoria. Descrevem ainda, de forma pormenorizada, a trama conspiratória armada e executada contra as instituições democráticas. >
De acordo com a denúncia da PGR, a organização tinha como líderes o então presidente da República e o seu candidato a vice-presidente, general Braga Neto. Aliados a outras pessoas, dentre civis e militares, eles tentaram impedir, de forma coordenada, que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido.>
Ação planejada>
De acordo com as investigações, o plano teve início em 2021, com os ataques sistemáticos ao sistema eletrônico de votação, por meio de declarações públicas e na internet. Em julho do ano seguinte, o então presidente da República se reuniu com embaixadores e representantes diplomáticos acreditados no país para verbalizar as conhecidas e desmentidas acusações sobre fraudes nas urnas eletrônicas, na tentativa de preparar a comunidade internacional para o desrespeito à vontade popular nas eleições presidenciais.>
Ainda segundo a PGR, durante o segundo turno das eleições, foram mobilizados aparatos de órgãos de segurança para mapear e impedir eleitores de votar no candidato da oposição. E as pessoas envolvidas nessa etapa atuavam na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, facilitando os atos de violência e depredação, em 8 de janeiro de 2023.>
Ao não encontrarem falhas no sistema eleitoral, os envolvidos mantiveram o discurso de fraude e mantiveram a militância com os acampamentos montados em frente a quartéis do Exército em várias capitais do país.>
Em outra frente, a organização criminosa pressionou o Comandante do Exército e o Alto Comando, formulando cartas e agitando colegas em prol de ações de força no cenário político para impedir que o presidente eleito assumisse o cargo. A denúncia aponta a elaboração de minutas de atos de formalização de quebra da ordem constitucional, dentre os quais se cogitava a prisão de ministros do STF.>
As investigações revelaram a operação de execução do golpe, em que se admitia até mesmo a morte do presidente e do vice-presidente da República eleitos, bem como a de ministro do STF. O plano teve anuência do então presidente da República.>
A violência no dia 8 de janeiro foi a última tentativa. A organização incentivou a mobilização do grupo de pessoas em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, que pedia a intervenção militar na política. Os participantes fizeram o percurso acompanhados e escoltados por policiais militares do DF, invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. O episódio gerou prejuízos de mais de R$ 20 milhões.>