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Estadão
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 16:44
O policial federal Wladimir Matos Soares, que foi preso nesta terça-feira (19) ao lado de outros suspeitos de planejar um golpe de Estado, é investigado por suspeita de repassar informações sobre a segurança de Lula (PT) para pessoas ligadas a Jair Bolsonaro (PL). Na época, Lula era o presidente eleito e acontecia a transição de governo.
Durante o período da transição, o policial federal atuava na equipe responsável pela segurança do presidente eleito. Lula estava hospedado em um hotel de Brasília na ocasião.
A Polícia Federal apontou que Wladimir enviou dados pessoais de um agente de proteção de Lula e disse que aguardava somente a "canetada" de Jair Bolsonaro, então presidente, para auxiliar no golpe. "Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto p [sic] ir ajudar a defender o PALÁCIO e o PRESIDENTE. Basta a canetada sair ! [sic]", escreveu.
A mensagem foi enviada durante conversas com o capitão da reserva Sérgio Rocha Cordeiro, que era assessor especial da Presidência durante o governo Bolsonaro. Sérgio também é investigado no caso do golpe planejado e já foi indiciado como um dos responsáveis pela fraude no cartão de vacinas de Bolsonaro.
Segundo a PF, Wladimir se aproveitava da função na segurança de Lula para repassar informações classificadas para o grupo que planejava o golpe. Logo após a diplomação do petista, o policiou enviou imagens e áudios com informações sobre um militar da equipe de segurança do presidente, para tentar confirmar se ele era alguém mais ligado a Lula.
Depois de confirmar o que queria, ele mandou uma mensagem de áudio afirmando que estava "na torcida" e que essa "porra tem que virar logo". "Isso aí foi, foi tudo acertado mesmo. Tá bom? Só pra, de repente, você ter essa informação. Valeu meu irmão? Um abraço. Vamo torcer, meu irmão. Tamo aqui nessa torcida. Essa porra tem que virar logo. Não dá pra continuar desse jeito não irmão. Vamo nessa. Eu tô pronto", disse.
A segurança de Lula foi reforçada depois de atos de vandalismo de bolsonaristas em Brasília. Um grupo que estava acampado diante do Quartel-Geral do Exército chegou a tentar invadir a sede da Polícia Federal.
Para a PF, Wladimir estava "à disposição para atuar no Golpe de Estado, demonstrando aderência subjetiva à ruptura institucional". Ele "atuou em unidade de desígnios com a organização criminosa, que tentou consumar um golpe de Estado, fornecendo informações que pudessem de alguma forma subsidiar as ações que seriam desencadeadas, caso o Decreto de golpe de Estado fosse assinado".
O plano, segundo a PF, envolvia a tentativa de matar ainda o ministro Alexandre de Moraes, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e uma quarta autoridade ainda não identificada.