PF determina inquérito para investigar Silvio Almeida por assédio sexual

Uma das vítimas, defendidas pela ONG Me Too Brasil, teria sido a ministra Anielle Franco

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Publicado em 6 de setembro de 2024 às 11:58

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A Polícia Federal abrirá um inquérito para investigar Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos, por denúncias de assédio sexual. Uma das vítimas teria sido a ministra Anielle Franco, que deve ser ouvida na investigação.

A ONG Me Too Brasil, dedicada ao combate do assédio sexual, denunciou o ministro na última quinta-feira (5), sem divulgar os nomes das vítimas. A inclusão de Anielle no grupo foi divulgada pelo portal Metrópoles.

Segundo Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF, a investigação da Polícia será feita por iniciativa própria, e o inquérito deve ser instaurado nesta sexta-feira (6). "Provavelmente as pessoas serão ouvidas semana que vem, mas o presidente do inquérito que dirá", comentou.

O ministro negou ter cometido assédio, reiterando suas lutas pela cidadania. "Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país", disse Almeida.

O Palácio do Planalto se posicionou sobre o caso, informando que um ofício de procedimento de apuração será aberto. A decisão da Comissão de Ética da Presidência da República chamou SIlvio para prestar esclarecimentos.

"O governo federal reconhece a gravidade das denúncias. O caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem", afirmou a nota divulgada pelo Planalto.

Segundo a Me Too, as vítimas receberam acolhimento psicológico e jurídico da ONG, e aprovaram a divulgação da denúncia. “Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias”, disse em nota.

Ainda no pronunciamento, a organização afirmou ter papel importante em fazer frente a agressores em posições de poder: “A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, econômica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege.”

Na nota, comentaram também sobre a mensagem passada pelas denúncias, incentivando outras mulheres a se pronunciarem. “A exposição de um suposto agressor poderoso pode encorajar outras vítimas a romperem o silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente, e a denúncia pode abrir caminho para que outras pessoas também busquem justiça”, afirmou a ONG.

O acusado, parte do Ministério dos Direitos Humanos desde janeiro de 2023, emitiu uma nota em resposta. “O que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro”, afirmou.

Em seus comentários, Silvio acusa as denúncias de terem a intenção de manchar sua imagem no cenário político. “De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.”