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Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2022 às 12:52
- Atualizado há 2 anos
O coach messiânico Pablo Marçal foi do céu ao inferno depois que levou um grupo de pessoas para subir o Pico do Marins, na Serra da Mantiqueira, em São Paulo, e precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros. Mas não foi essa a primeira vez que ele apareceu na mídia. De acordo com uma reportagem do Metrópoles, Marçal já foi condenado em 2010 por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos.>
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que Pablo tinha ligação direta com dois homens acusados de chefiar o bando. Segundo o MPF, ele era o responsável por captar e-mails que seriam infectados com programas invasores e consertar os computadores usados pelos criminosos.>
Entretanto, o coach teve a pena extinta em 2018, por prescrição retroativa, por ter se passado mais anos que a sentença em trânsito em julgamento.>
A participação de Pablo Marçal na quadrilha teria ocorrido em meados de 2005. Na época, ele tinha apenas 18 anos e morava em Goiânia, sua cidade natal.>
O grupo de criminosos foi investigado pela Polícia Federal (PF), o que resultou na Operação Pegasus, deflagrada em 2005. Na época, a facção foi retratada como a “maior quadrilha de piratas da internet brasileira” pelo jornal Folha de S. Paulo.>
Os investigadores informaram que a quadrilha causou “prejuízos relevantes” à Caixa Econômica Federal, ao Banco do Brasil (BB) e a outras instituições financeiras.>
O método usado pela organização era bem diversificado, como criação de páginas falsas de bancos na internet; a emissão de mensagens ameaçadoras e que anunciavam suposta inadimplência da vítima com o Serasa; ou, ainda, com o chamado Cavalo de Troia, programa que captura informações dos computadores infectados.>
“Existia uma estrutura amplamente organizada, contando com o envolvimento de diversas pessoas, que exerciam funções determinadas, pois uns eram responsáveis pela criação e aperfeiçoamento do programa de computador utilizado nas fraudes, outros contatavam pessoas que pudessem ceder suas contas bancárias para as transferências, além daqueles que faziam os saques”, relatam os investigadores.>
Segundo o Ministério Público, Pablo capturava as listas de e-mails para o pastor Danilo de Oliveira, um dos líderes do bando. Logo depois, esses endereços eram infectados com programas invasores, que revelavam as senhas dos correntistas lesados.>
Versão de Pablo Marçal Em março do ano passado, em live transmitida pelas redes sociais, o coach falou sobre o processo que respondeu na Justiça. Ele nega participação na quadrilha e afirma que “apenas arrumava os computadores”.>
“Eu não tinha emprego, com 18 anos de idade, consertava computadores e me envolvi com um cara da igreja. […] Eu consertava os computadores e eles ficavam rodando. Acordei um dia e tinha alguém me levando de forma coercitiva”, disse Pablo na transmissão motivacional.>
“Todas as pessoas que estavam nessa situação foram condenadas e cumpriram pena. Eu fui o único que teve extinção da punibilidade”, prosseguiu.>
A pena extinta por prescrição retroativa significa que a Justiça entendeu que ele não era envolvido com a quadrilha.>
Veja o que diz a sentença “Considerando que a pena imposta ao apelante não é superior a quatro anos de reclusão, tem-se que tal pena regula-se pelo prazo prescricional de oito. Contudo, conforme reconhecido pela sentença, o acusado Pablo Henrique, nascido em 18/04/1987, era menor de 21 anos à época dos fatos. A prescrição quanto a ele é, portanto, reduzida à metade. Regular-se, pois, pelo prazo prescricional de quatro anos”, diz o documento.>
“Observando que transcorreram mais de quatro anos entre a publicação da sentença penal condenatória no e-DJF1 em 05/05/2010 e a presente data, faz-se mister o reconhecimento, de ofício, da extinção da punibilidade pela ocorrência da prescrição retroativa da pretensão punitiva do Estado”, complementa.>
Pablo chegou a ser condenado pela prática do crime de furto qualificado a dois anos e seis meses de reclusão. Na época das denúncias, o coach negou o seu envolvimento nos crimes e admitiu que apenas prestava serviços de manutenção nos computadores do pastor, e também lhe fornecia listas de e-mails, “mas tudo sem consciência da atividade ilícita” desenvolvida pelo grupo.>