Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Novo laudo leva governo Lula a reabrir investigação sobre morte de JK

Ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu em um acidente envolto em controvérsias, em 1976

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 09:09

Juscelino Kubitschek
Juscelino Kubitschek Crédito: Divulgação

O governo Lula, juntamente com a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), decidiu reabrir o caso do acidente que vitimou o ex-presidente Juscelino Kubitschek em 1976, um episódio que segue envolto em controvérsias desde o período da ditadura militar. A reabertura será discutida em uma reunião da CEMDP, marcada para esta sexta-feira (14), no Recife, e é apoiada pela presidente da comissão, procuradora Eugênia Gonzaga, além da maioria dos membros do colegiado. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo. 

O acidente ocorreu no dia 22 de agosto de 1976, quando o Opala conduzido pelo motorista de JK, Geraldo Ribeiro, perdeu o controle e colidiu frontalmente com uma carreta na altura do km 165 da Via Dutra, em direção ao Rio de Janeiro. JK e Ribeiro morreram no local. Durante anos, investigações tentaram esclarecer a causa do acidente. A versão oficial, defendida pela ditadura militar, e também pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2014, é que o Opala teria sido atingido por um ônibus da Viação Cometa antes da colisão fatal. No entanto, outras investigações sugerem que o acidente pode ter sido resultado de um atentado político.

O procurador da República Paulo Sérgio Ferreira Filho, responsável por um inquérito civil conduzido entre 2013 e 2019, concluiu que não houve colisão com o ônibus, mas também afirmou que era “impossível afirmar ou descartar” a hipótese de atentado devido à falta de elementos materiais que explicassem o que levou à perda de controle do veículo. Segundo ele, "houve falhas severas nas investigações realizadas pelo Estado brasileiro", mencionando também a oferta de dinheiro feita a Josias Oliveira, o motorista do ônibus, para assumir a culpa do acidente.

A decisão de reabertura do caso se apoia no trabalho do engenheiro perito Sérgio Ejzenberg, que revisou laudos antigos e concluiu, em 2019, que não houve colisão com o ônibus, invalidando a versão oficial do acidente. O laudo de Ejzenberg se tornou crucial para que o governo Lula aceitasse reexaminar o caso, com o argumento de esclarecer a "verdade histórica", sem que, no entanto, haja possibilidade de indenização financeira.

Embora o laudo de Ejzenberg tenha revelado falhas nas investigações anteriores, como a destruição do Opala e a ausência de laudos toxicológicos, há dúvidas sobre a possibilidade de esclarecer totalmente o episódio. A hipótese de sabotagem mecânica ou até mesmo um tiro no motorista de JK tem sido levantada ao longo dos anos, e um exame realizado em 1996 sugeriu a presença de um buraco no crânio de Ribeiro, o que alimentou a teoria do atentado. Análise subsequente indicou que a evidência poderia ser uma peça de metal ou prego, não sendo conclusiva.

O caso de JK foi sempre considerado um ponto sensível, já que ele representava uma oposição à ditadura militar e tinha planos de disputar as eleições indiretas de 1978. Além disso, a Operação Condor, uma ação coordenada entre as ditaduras do Cone Sul, visava eliminar líderes políticos contrários aos regimes da região, e JK figurava como uma ameaça nesse contexto.