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Perla Ribeiro
Publicado em 18 de abril de 2025 às 07:44
Quando uma pessoa reclama de tontura, inevitavelmente vai encontrar um leigo para dar pitaco no diagnóstico: "é pressão baixa", "é labirintite". O que nem todo mundo sabe é que a tontura é uma queixa comum nos consultórios médicos, mas nem sempre tem origem no labirinto ou na pressão arterial. Em alguns casos, pode ser sintoma de alterações neurológicas importantes, envolvendo o cérebro ou a medula espinhal. Segundo o neurocirurgião Felippe Saad, do Hospital Albert Sabin ( HAS), identificar a causa exata é essencial para o tratamento adequado. >
“Tonturas de origem neurológica costumam vir acompanhadas de outros sinais, como alterações na fala, fraqueza muscular, perda de coordenação, formigamentos ou visão dupla. Esses sintomas devem acender um alerta para a investigação de doenças no sistema nervoso central, como AVC, esclerose múltipla ou tumores”, explica o especialista. Ao contrário das vertigens periféricas, que geralmente têm evolução benigna e estão relacionadas ao ouvido interno, as tonturas centrais exigem avaliação urgente e exames complementares, como ressonância magnética. O diagnóstico precoce pode evitar sequelas graves.>
O tratamento depende diretamente da causa identificada. “Em alguns casos, usamos medicamentos específicos para controle dos sintomas, como anticonvulsivantes, corticoides ou imunossupressores. Em outros, é necessário tratar a doença de base com fisioterapia neurológica, reabilitação vestibular ou, em situações mais complexas, cirurgia”, afirma Saad. A intervenção cirúrgica pode ser indicada quando a tontura está relacionada a tumores cerebrais, malformações vasculares ou compressões de estruturas neurológicas. >
“Nestes casos, a cirurgia é fundamental para aliviar a pressão sobre áreas do cérebro ou corrigir alterações estruturais que causam os sintomas”, complementa o especialista, alertando ainda que o primeiro passo é não ignorar os sinais. "Tontura recorrente, com duração prolongada ou acompanhada de outros sintomas neurológicos, deve ser investigada o quanto antes”, reforça o médico.>