Na Bélgica, baiano diz que falou pelo MSN com atirador de Realengo

Ednaldo Rigaud afirma que reconheceu foto de Wellington de barba

O chef brasileiro Ednaldo Rigaud, de 34 anos, mora há oito anos na Bélgica e tomou um susto ao reconhecer a foto do perfil no MSN de Wellington Menezes de Oliveira, o atirador que matou 12 crianças em uma escola no Rio no dia 7."Vi a foto no G1 e reconheci imediatamente o Wellington. Só aí descobri que ele tinha cometido essa tragédia. Fiquei chocado", disse o baiano, que afirma ter falado algumas vezes com Wellington pelo MSN Messenger, um programa que permite conversas pela internet.A foto do perfil de Wellington no MSN estava em destaque na página principal do G1 na segunda-feira (11) à noite, com link para uma reportagem do "Jornal Nacional". No perfil do MSN, o atirador aparecia de barba e usava o apelido "Wellington Treze".

Após quebra de sigilo, a polícia descobriu que Wellington mantinha contato com pelo menos seis pessoas pelo MSN.O G1 apurou que Ednaldo Rigaud não é um desses seis nomes. Mas um lote de conversas no MSN chegou à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) nesta quarta-feira (13) e o G1 não conseguiu apurar se Rigaud faz ou não parte desse segundo lote.Outro nome citado e dieta do ovoSegundo Rigaud, Wellington adicionou seu contato entre o fim de novembro e o início de dezembro do ano passado e os dois teriam conversado por três ou quatro vezes. Durante as conversas, segundo o chef brasileiro, Wellington contou nomes de outras pessoas com quem conversava. O G1 apurou que um dos nomes citados por Rigaud durante a entrevista consta entre os seis contatos do MSN de Wellington rastreados pela polícia.Em outra conversa, Rigaud lembra que Wellington falou sobre sua dieta. "Estávamos conversando e ele de repente parou e disse: 'Espera aí um pouco que eu vou fazer minha dieta'. Eu falei: 'Mas você é tão magro, pra que dieta?'. Aí ele respondeu: 'É a dieta do meu cérebro, é meu cérebro que me manda fazer isso', falando que tinha uns horários, era uma dieta de ovos, algo assim", afirmou. "Ele também sempre me perguntava o que eu tinha comido".Durante a perícia na casa do atirador, em Sepetiba, também na Zona Oeste do Rio, foram encontradas folhas penduradas na cozinha com os horários e os detalhes da dieta e de exercícios, além de várias caixas de ovos.Última conversaSegundo Rigaud, a última conversa com Wellington ocorreu no réveillon. "Ele estava chorando muito porque estava se sentindo muito sozinho", contou.Nessa ocasião, ainda de acordo com Rigaud, Wellington estava com a barba ainda maior do que a usada na foto do MSN. "Pela webcam deu pra ver que a barba estava mais comprida do que na foto. Perguntei por que ele estava com a barba tão grande. Brinquei: 'Que é isso? tá desgostoso da vida?'. E ele disse apenas que queria mudar o visual.""Ele falava que era uma alma perdida", recordou.Pela internet, segundo Ednaldo, Wellington era reservado e não falava sobre a família. "Ele se apresentou como Wellington Treze, disse que tinha 22 anos e morava no Rio, mas não disse onde. Perguntei por que Treze? E ele disse que era 13 da sorte, que era o sobrenome dele. Uma vez perguntei se ele tinha irmãos e ele disse que tinha dois e só, não se prolongava no assunto", disse o chef, acrescentando que nem sempre Wellington conversava com ele de casa. "Tinha vezes que ele dizia que estava em uma lan house".Torres gêmeas e drogas"Wellington dizia que buscava amizade na internet, que morava no Rio, mas não conhecia ninguém. Ele falava que morava sozinho e perguntou se eu tinha família. Quando disse que sim, ele falou: 'Você tem sorte que tem família, eu não tenho ninguém'", contou.Segundo o chef, o amigo virtual nunca mencionou uso de armas, mas citou o episódio de 11 de setembro. "Ele sabia que eu morava fora e perguntava se eu ia aos Estados Unidos, se tinha conhecido as Torres Gêmeas. Disse que não e que nem tinha ido lá depois do 11 de setembro porque não gostava de ficar relembrando tragédia. Ele apenas ria e dizia que eu era bobo", contou.Wellington também teria questionado Ednaldo sobre uso de drogas. "Ele me perguntou: 'Você fuma maconha?'. Aí quando eu disse que não, que não gostava disso, me chamou de careta"."Ele também me perguntou se eu tinha religião. Eu disse que era católico, mas ele não falou nada." As informações são do G1.