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Carol Neves
Publicado em 12 de abril de 2025 às 07:40
O motorista do Honda Civic que atropelou e matou duas jovens em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, trafegava a mais de 120 km/h em uma via com limite de 60 km/h. A conclusão é de peritos criminais que analisaram imagens do acidente ocorrido na noite de quinta-feira (9), na Avenida Goiás. >
Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos e estudante de Direito, dirigia o veículo quando atingiu Isabelli Helena de Lima Costa e Isabela Priel Regis, ambas de 18 anos, que atravessavam a faixa de pedestres. O semáforo estava aberto para os carros, mas testemunhas afirmam que a via é frequentemente usada para "rachas" (corridas ilegais). >
A pedido do portal Uol, os peritos Rodrigo Kleinubing e Isaac Newton Lima da Silva utilizaram um programa de computador desenvolvido por eles para reconstruir o acidente. Com base nas imagens das câmeras de segurança, calcularam que o Civic já estava freando quando apareceu nas filmagens, mas ainda assim ultrapassava 123 km/h. >
"Utilizamos uma metodologia conservadora, que dá o benefício da dúvida ao condutor. Se houver outra análise mais precisa, a velocidade será ainda maior, nunca menor", afirmou Kleinubing. O software corrige distorções em vídeos e aplica fórmulas físicas para determinar a velocidade com precisão. >
Carro pode ter sido modificado para maior potência>
O Honda Civic envolvido no acidente é um modelo 2019/2020, com motor 1.5 turbo, capaz de atingir até 208 km/h. A delegada Kelly Sachetto, responsável pelo caso, suspeita que o carro tenha sido alterado para melhorar o desempenho. "Havia dois escapamentos esportivos e modificações na aerodinâmica", disse. >
Brendo já acumulava 71 pontos na carteira de motorista por excesso de velocidade, o que colocava sua CNH em processo de suspensão. Testes de alcoolemia realizados após o acidente deram negativo. >
A polícia analisa imagens das redondezas para verificar se o Civic disputava uma corrida ilegal antes do atropelamento. "O racha é crime independente, com pena de cinco a dez anos se resultar em morte", destacou a delegada.>
Sinal >
Especialistas em direito de trânsito afirmam que, comprovada a velocidade excessiva, a responsabilidade pelo acidente recai sobre o motorista, mesmo que o semáforo estivesse verde para os carros - imagens sugerem que estava amarelo no momento do atropelamento. "É um caso de dolo eventual, em que o condutor assume o risco de suas ações", explicou o advogado Marcelo Miguel. >
O advogado de Brendo, Francisco Ferreira, classificou o ocorrido como uma "fatalidade", alegando que as jovens atravessaram no momento errado, já que o sinal estava vermelho para elas, e que seu cliente não as viu. As vítimas sofreram múltiplas fraturas e morreram no local.>