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Estadão
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 16:52
A Comunidade de Santo Egídio, a instituição de caridade católica com sede em Roma e ligada ao Vaticano, lançou um apelo urgente nesta terça-feira, 23, para que o Estado norte-americano do Alabama suspenda uma execução planejada para esta semana. >
O detento Kenneth Smith, 58 anos, tem a execução agendada para quinta-feira, 25, quando uma máscara tipo respirador será colocada em seu rosto com nitrogênio puro, o que o levaria a morte por asfixia. Para a instituição, o método, inédito nos EUA, é "bárbaro" e "incivilizado" e traria "vergonha indelével" ao Estado.>
Há décadas que a Comunidade de Santo Egídio faz pressão para abolir a pena de morte em todo o mundo.>
A menos que seja impedido pelos tribunais, Smith será executado pelo assassinato por encomenda da mulher de um pastor, em 1988. Nos processos judiciais, o Alabama declarou que Smith usará uma máscara de gás e que o ar respirável será substituído por nitrogênio, privando-o do oxigênio necessário para se manter vivo.>
"Em muitos aspectos, o Alabama parece ter a terrível ambição de estabelecer um novo padrão de humanidade, mais baixo, no já questionável e bárbaro mundo das execuções", disse Mario Marazziti, responsável pelo grupo de abolição da pena de morte de Santo Egídio, durante entrevista coletiva concedida em Roma.>
"Pedimos que esta execução seja suspensa, porque o mundo não se pode dar ao luxo de regredir para a fase de matar de uma forma mais bárbara", disse Marazziti .>
Petição com 15.000 assinaturas>
Na semana passada, o gabinete do procurador-geral do Alabama disse aos juízes do tribunal federal de recursos que a hipóxia de nitrogênio é "o método de execução mais indolor e humano conhecido pelo homem". Entretanto, alguns médicos e críticos dizem que os efeitos e o que exatamente Smith sentirá são desconhecidos.>
Uma petição da Comunidade de Santo Egídio pedindo à governadora do Alabama, Kay Ivey, que conceda clemência a Smith foi assinada por 15.000 pessoas, disseram as autoridades aos repórteres.>
Marazziti observou que, em todo o mundo, a tendência tem sido a abolição da pena de morte. De acordo com a Anistia Internacional, 112 países a aboliram completamente, enquanto outros não a praticam.>
Entre os que ainda praticam a pena de morte, a China, o Irã, a Arábia Saudita, o Egito e os Estados Unidos foram os países que registraram mais execuções em 2022, segundo a Anistia.>
O papa Francisco declarou, em 2018, que a pena de morte é inadmissível em todos os casos.>
O Alabama tentou executar Smith por injeção letal em 2022, mas o estado cancelou a execução antes que as drogas letais fossem administradas porque as autoridades não conseguiram conectar as duas linhas intravenosas necessárias às veias de Smith. Smith ficou amarrado à maca por quase quatro horas durante a tentativa de execução, disseram seus advogados.>