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Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2018 às 05:46
- Atualizado há 2 anos
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na prirmeira instância, vai se reunir, hoje, no Rio de Janeiro, com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O magistrado será recebido pelo presidente eleito para definir se aceita ir para o Ministério da Justiça e depois assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF).>
Antes do convite de Bolsonaro, o magistrado esteve com o economista Paulo Guedes. No encontro, Guedes apresentou ao juiz a proposta de transformar a Justiça em um superministério, agregando diferentes áreas do governo. Há informações sobre a possível transformação do Ministério da Justiça em uma superpasta, agregando Segurança Pública, Controladoria-Geral da União e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).>
Desde o encontro, que ocorreu na última semana, antes das eleições, Moro conversou com colegas na Justiça e também com integrantes da força-tarefa da Lava Jato sobre a hipótese de aceitar o convite. O foco principal do novo ministério será o combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. >
O pacote com 70 propostas de combate à corrupção produzido pela Transparência Internacional e a Fundação Getulio Vargas (FGV), com o apoio de duas dezenas de especialistas, seria uma das plataformas de eventual gestão Moro. Dividido em 12 temas, o pacote apresenta sugestões de políticas para enfrentar a questão a médio e longo prazo e foi apoiado por dezenas de entidades da sociedade civil, como o Instituto Ethos, o Cidade Democrática e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). >
Supremo>
O juiz federal foi cotado pelo presidente eleito também para uma vaga no Supremo Tribunal Federal - durante o mandato de Bolsonaro serão abertas duas vagas na Corte por aposentadoria compulsória, a do ministro decano Celso de Mello, em novembro de 2020, e a de Marco Aurélio Mello, em julho de 2021.>
Se aceitar ingressar no futuro governo e depois ser indicado para o Supremo, Moro vai repetir a trajetória do ministro da Corte Alexandre de Moraes. Na última segunda-feira, em entrevistas concedidas ao SBT e ao Jornal Nacional, da TV Globo, Bolsonaro anunciou a intenção de ter Moro no seu governo ou indicá-lo para o Supremo. “Pretendo conversar com ele (Moro) para ver se há interesse da parte dele”, disse Bolsonaro. “Se eu tivesse falado isso antes (na campanha) soaria como oportunismo”. >
“Sérgio Moro é extremamente competente para assumir o Ministério da Justiça”, diz o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira. O advogado pontua que Moro terá o desafio de fazer uma interlocução com o mundo jurídico para impedir mudanças como o fim da progressão de pena, como quer o presidente eleito, Jair Bolsonaro. “É um juiz extremamente trabalhador e competente no caráter doutrinário, embora as minhas discordâncias com ele não sejam poucas”, disse.>
Moro foi alvo de citações elogiosas e críticas na campanha ao Palácio do Planalto. O candidato do Podemos, Alvaro Dias, vinculou sua candidatura à Lava Jato e tinha como uma de suas principais promessas convidar, caso eleito, o juiz para ocupar o Ministério da Justiça.>
À vésperas do primeiro turno das eleições, Moro divulgou parte da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, decisão que motivou o PT a entrar com uma reclamação contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No trecho da colaboração tornado público, Palocci diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato - sabia do esquema de corrupção na Petrobras desde 2007.>
Perfil >
Casado com uma advogada curitibana, Sérgio Moro, de 46 anos, procura ser discreto nas atitudes, mas ganhou notoriedade ao comandar, há quatro anos, o julgamento em primeiro instância do processos relativos à Operação Lava Jato, nos quais foram envolvidos nomes como o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu, empresários e parlamentares.>
O escândalo relativo aos desdobramentos da Lava Jato é considerado um dos mais complexos casos de corrupção e lavagem de dinheiro no país.>
No ano passado, Sérgio Moro condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente da República. A decisão foi ampliada em segunda instância, e o ex-presidente agora cumpre pena em Curitiba, desde abril. >