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Larissa Almeida
Publicado em 19 de março de 2025 às 22:34
O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou os pedidos para afastar os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin do julgamento da tentativa de golpe de 2022. As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro, do ex-ministro Braga Netto e do general Mario Fernandes alegavam que os três ministros não seriam imparciais. O julgamento começou nesta quarta-feira (19) e será concluído na quinta-feira (20).
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O relator, ministro Luís Roberto Barroso, votou contra o afastamento e foi acompanhado por Gilmar Mendes, Moraes, Zanin, Dino, Dias Toffoli, Edson Fachin e Cármen Lúcia. Ainda faltam votar André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux. Dino, Zanin e Moraes se declararam impedidos de votar nos processos em que são alvos.>
As defesas argumentam que Dino deveria ser impedido por ter processado Bolsonaro em 2021, que Zanin atuou na campanha de Lula e que Moraes seria vítima direta da trama golpista. No entanto, Barroso afirmou que os pedidos não apresentam novos argumentos e não têm base legal. Segundo ele, essa é a quarta vez que as defesas tentam afastar os ministros.>
Além de rejeitar os pedidos de afastamento, o STF também analisa a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outras 33 pessoas. Eles são acusados de tentativa de golpe de Estado, dano ao patrimônio público e organização criminosa armada.>
O julgamento da denúncia ocorrerá em etapas. Nos dias 25 e 26 de março, o STF decidirá sobre o núcleo central do suposto golpe, que inclui Bolsonaro, Braga Netto e outros aliados. O grupo militar, composto por dez militares e um policial federal, será analisado nos dias 8 e 9 de abril. Já a denúncia contra o grupo responsável pelo planejamento das ações do golpe será avaliada em 29 de abril.>
A Primeira Turma do STF foi encarregada de analisar a denúncia contra três dos cinco grupos acusados. Os ministros da Turma decidirão se aceitam as acusações da PGR e tornam os investigados réus. O julgamento da denúncia contra Bolsonaro e seu grupo principal será o primeiro a ocorrer.>
Mesmo que algum ministro peça mais tempo para analisar o caso, o cronograma do STF não será afetado. Isso porque os recursos apresentados pelas defesas não possuem efeito suspensivo, ou seja, não impedem o andamento do julgamento.>
A tentativa de afastar os ministros está ligada à composição da Primeira Turma do STF, formada por Moraes, Cármen Lúcia, Zanin, Dino e Fux. Bolsonaro já havia tentado retirar Moraes da relatoria das investigações em dezembro de 2023, mas o pedido foi rejeitado pelo plenário do STF, com exceção de André Mendonça, que votou a favor.>
Na época, Mendonça argumentou que Moraes deveria ser afastado por ser uma possível vítima do caso, enquanto Nunes Marques votou contra o afastamento, afirmando que não havia justificativa legal para a medida.>
Com a decisão do STF, o julgamento das denúncias segue normalmente, e Bolsonaro e seus aliados continuam sob investigação pelos supostos crimes cometidos na tentativa de golpe de Estado.>