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Mafioso italiano compra bebê brasileiro para evitar extradição

As mensagens foram enviadas em junho de 2020

  • Foto do(a) author(a) Vitor Rocha
  • Vitor Rocha

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 17:05

Giuseppe Calvaruso, membro da Cosa Nostra, máfia mais antiga do mundo
Giuseppe Calvaruso, membro da Cosa Nostra, máfia mais antiga do mundo Crédito: Reprodução

Um dos chefes da máfia italiana Cosa Nostra, Giuseppe Calvaruso comprou a paternidade de um bebê brasileiro para evitar a extradição do país. Em mensagens divulgadas pelo UOL nesta segunda-feira (18), o criminoso confirma que adotou uma criança enquanto estava na cidade de Natal, Rio Grande do Norte.

"Semana que vem ou ainda esta semana, nasce a criança que eu vou registrar em meu nome. Então eles [autoridades brasileiras] me dão permissão permanente", disse o mafioso. A mensagem foi enviada em junho de 2020 a um comparsa na Sicília. À época, Giuseppe comandava um esquema de lavagem de dinheiro na capital potiguar para a Cosa Nostra.

O mafioso registrou a criança como filho biológico. Para isso, ele alterou documentos e pagava uma mesada de R$ 750 à mãe, que é brasileira. O plano era obter a cidadania brasileira para evitar a extradição e, consequentemente, prisão na Itália.

O Ministério Público Federal (MPF) e a Guarda de Finanças de Palermo, ligada ao Ministério Público italiano, investigam a presença da máfia Cosa Nostra no Brasil. Em conversas via WhatsApp, Calvaruso dialogava com Giovanni Caruso, apontado como seu braço direito em Palermo. Durante uma dessas conversas, o criminoso afirmou que conseguiria a cidadania em dois anos: “O problema é que eu não posso pedir antes, senão eles são obrigados a pedir informação [sobre mim] na Itália”, disse.

Ainda na troca de mensagens, Calvaruso solicitou que Caruso enviasse dinheiro para subornar funcionários de cartórios e outras pessoas envolvidas no esquema. "Até segunda-feira você tem que me enviar 3000 euros para os papéis", disse. Parte do dinheiro era transferida para o Brasil por meio de recargas em cartões de débito pré-pagos.

Bebê brasileiro não impede extradição

O MPF também investiga quem, no Brasil, colaborou com Calvaruso na falsificação de documentos para que ele assumisse a paternidade de um bebê brasileiro. A estratégia, no entanto, não garantiria proteção contra a extradição. De acordo com a legislação brasileira, estrangeiros que adquiriram a cidadania brasileira não estão completamente protegidos. “Se o estrangeiro naturalizado cometeu os crimes antes do processo de naturalização, a extradição é possível”, explicou Ricardo Macau, especialista em direito internacional.

Macau ressaltou que cada caso de extradição possui particularidades analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, Calvaruso não chegou a enfrentar o processo de extradição, pois foi preso ao desembarcar no aeroporto de Palermo, durante o feriado de Páscoa de 2021, enquanto visitava familiares.