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Estadão
Publicado em 24 de março de 2024 às 16:06
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou neste domingo, 24, que ainda podem surgir novas informações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Torres, em 2018. Os mandantes do crime já foram descobertos pela Polícia Federal e presos de forma preventiva hoje.>
Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), foi deflagrada na manhã deste domingo a Operação Murder Inc para prender de forma preventiva o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime. Também foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão no Rio.>
Em entrevista coletiva na sede da pasta, Lewandowski elogiou o trabalho dos investigadores, incluindo a Polícia Federal e o Ministério Público, e também a agilidade do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).>
"Quero dizer que este momento é extremamente significativo, é uma vitória do Estado brasileiro, das nossas forças de segurança do País, em relação ao combate ao crime organizado", disse o ministro. "Temos bem claro os executores desse crime odioso, hediondo, de natureza claramente política. A polícia investigou os mandantes e os demais envolvidos nessa questão. Claro que poderão surgir novos elementos", emendou Lewandowski.>
O ministro também confirmou as prisões e citou outras medidas cautelares. Foram presos o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime.>
De acordo com Lewandowski, os policiais que foram alvo da operação tiveram suspenso o exercício de suas funções públicas. Ele também confirmou que os presos serão transferidos para presídio federal em Brasília e que Moraes já retirou o sigilo da operação.>
'Podemos desvendar outros casos sobre milícias no Rio'>
Lewandowski afirmou que, a partir da resolução do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, pode ser possível desvendar outros casos relacionados a milícias no Rio de Janeiro.>
"O que este relatório policial e as longas investigações revelam, antes de mais nada, é o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro, que é bastante sofisticado, complexo e que se espraia, infelizmente, por todo o Estado e várias atividades", disse Lewandowski, em entrevista coletiva, na sede do ministério>
"Eu tenho a impressão de que, a partir desse caso, podemos, talvez, desvendar outros casos. Ou, pelo menos, seguir o fio da meada de um novelo cuja dimensão ainda não temos claro. É a radiografia operam as milícias e o crime organizado como RJ, e como há um entrelaçamento com órgão políticos e públicos", emendou.>
Lewandowski disse que investigação mostra que a motivação básica para o assassinato de Marielle foi o fato de ela se opor ao grupo dos mandantes do crime, que queria regularizar terras para fins comerciais. A vereadora defendia o uso dessas propriedades para a construção de moradias populares.>
"A motivação precisa ser olhada em um contexto. A gente não pode dizer, e isso está nos relatórios, na própria decisão, nos autos, que houve um único e exclusivo fato. O que há são várias situações que envolvem a vereadora Marielle Franco", afirmou o diretor-geral da PF, Andrei Passos, que também participou da coletiva.>
"Envolve, sim, a questão ligada à milícia, à disputa de territórios, de regularização de empreendimentos, loteamentos", disse Passos, em outro momento da entrevista. "Se a pauta imobiliária não era central para o mandato da vereadora, era uma pauta que ela tinha, como investimento em moradias sociais, que iam em confronto com o que o grupo mandante defendia.">
Quem autorizou a operação foi o ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF, que assumiu a relatoria do caso Marielle recentemente.>
A prisão dos suspeitos ocorreu após o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciar a homologação da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como o responsável por executar os assassinatos, em março de 2018. O caso foi federalizado e passou a ser de responsabilidade do STF após Lessa citar o deputado Chiquinho Brazão, que tem foro privilegiado.>