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Carolina Cerqueira
Publicado em 25 de janeiro de 2025 às 08:12
Uma estudante de administração de 22 anos foi absolvida pela Justiça de uma acusação de injúria racial contra três seguranças negras durante uma festa universitária em São Paulo. Embora o juiz Carlos Eduardo Lora Franco tenha reconhecido que a ré proferiu xingamentos racistas, como "preta suja, fedida, macaca, eu tenho nojo de vocês, vadia, puta", ele considerou que ela estava sob efeito de álcool e maconha no momento do incidente, o que, segundo ele, reduzia a gravidade da ofensa. A informação foi inicialmente divulgada pela Folha de S. Paulo. >
O juiz também argumentou que a condenação comprometeria o futuro da jovem, que estuda em uma universidade de prestígio. Franco ressaltou que, devido à sua formação acadêmica, uma sentença condenatória traria enormes obstáculos à sua carreira, especialmente em um contexto onde questões de diversidade e ESG (ambiental, social e de governança) são cada vez mais relevantes no mercado de trabalho. Por isso, ele entendeu que a absolvição seria mais justa.>
"De fato, sendo a vítima estudante universitária de administração de empresas, de uma das melhores faculdades do país, sem dúvida alguma de que a mera existência de uma condenação criminal por delito desta natureza irá implicar em enormes e, muito provavelmente, intransponíveis obstáculos à sua carreira, já que difícil crer que qualquer grande empresa irá contratar alguém que já tenha sido condenado por este delito específico, sobretudo nos termos atuais tão rígidos quanto a isso, ante as politicas de ESG", disse o juiz. >
A defesa da estudante alegou que ela não se lembrava do ocorrido, que foi em setembro de 2022, e tem transtornos mentais diagnosticados, como borderline e depressão, além de justificar que, apesar do ocorrido, ela sempre demonstrou respeito à diversidade e à inclusão. A estudante mencionou sua prática de skate e disse ser bissexual, ao alegar não ser racista. A ré chegou a oferecer R$ 500 à segurança que teve a mão mordida, mas a proposta foi recusada.>
Por outro lado, a Promotoria recorreu da decisão, alegando que a sentença passava a mensagem de que pessoas privilegiadas poderiam se esquivar das consequências de seus atos. O promotor Danilo Keiti Goto criticou a argumentação do juiz, reforçando que a ré estava lúcida quando cometeu os ataques e que as provas apresentadas eram claras, contestando a redução da gravidade da ofensa devido ao estado de embriaguez e uso de drogas.>
O caso>
A estudante estava em uma festa no estádio do Canindé em 24 de setembro de 2022, quando começou a agredir outras pessoas no local. O processo aponta dois momentos. No primeiro, que foi no camarote, ela agrediu pessoas e as seguranças conversaram com ela. Repreendida, ela disse que iria se comportar. >
No segundo momento, ela alegou ter sofrido um assédio e agrediu o homem em questão. As seguranças foram chamadas e ela estava bastante alterada, chegando a morder a mão de uma delas. Foi nesse momento que ela agrediu verbalmente também, chamando as profissionais de ofensas como "preta suja, fedida, macaca, eu tenho nojo de vocês, vadia, puta". A estudante foi expulsa do local. >