Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 10:12
O jovem Pedro Marques, de 24 anos, perdeu todos os movimentos do pescoço para baixo enquanto aguardava atendimento médico devido a uma dor na nuca. Desde então, ele vem passando por tratamentos para tentar recuperar os movimentos e usa as redes sociais para compartilhar seu progresso.
Morador de Maringá, no Paraná, ele começou a sentir um leve desconforto no ombro enquanto trabalhava como gerente em uma papelaria e inicialmente acreditou que fosse causado pela cadeira do trabalho. Após procurar atendimento médico e ser medicado, ele foi liberado. No entanto, dois dias depois, a dor se intensificou na nuca, e ele retornou ao hospital. Durante o atendimento, Pedro de repente perdeu os movimentos dos braços e das pernas.
"Eu estava de pé e chamei a enfermeira, mas, de repente, despenquei da cadeira e não senti mais nada. Nem a dor, nem o corpo, tudo parou. Eu estava consciente e apavorado", relembrou Pedro, falando ao G1.
O neurologista de Pedro, Gabriel Bortoli, diagnosticou o jovem com um hematoma epidural cervical espontâneo, um sangramento raro entre a coluna e a medula espinhal, que afetou a comunicação entre o cérebro e o corpo, interrompendo seus movimentos. Esse tipo de condição ocorre uma vez a cada um milhão de pessoas.
Após seis dias da perda dos movimentos, Pedro passou por uma cirurgia para retirar o sangue acumulado entre a coluna e a medula espinhal. O médico explicou que, embora a quantidade de sangue fosse pequena, ela pressionava a medula espinhal, dificultando o funcionamento do sistema nervoso.
Até o momento, a causa do sangramento permanece desconhecida, mas o médico acredita que se trate de um evento idiopático (sem causa específica), e que as chances de recorrência são baixas.
Pedro ficou 85 dias na UTI, onde chegou a ser induzido ao coma devido à dificuldade para respirar. Após esse período, recebeu alta e iniciou a recuperação em casa, com sua residência adaptada com equipamentos hospitalares para auxiliar nos exercícios de fisioterapia. Hoje, ele já consegue mexer alguns dedos e continua trabalhando em sua recuperação com o apoio de fisioterapeutas e da família.
Além disso, Pedro iniciou uma terapia chamada neuromodulação, que utiliza técnicas como estimulação magnética transcraniana para estimular os neurônios do cérebro e da medula espinhal, ajudando a melhorar os movimentos e a plasticidade neuronal.
Em meio a tudo isso, o jovem encontra força na história de amor com sua namorada, Ana Clara Dinardi, com quem planejava se casar antes da paralisia. Durante sua internação, ele deixou uma aliança de noivado para Ana, e, mesmo em coma, teve um momento tocante ao "responder" a ela com lágrimas quando conversaram sobre o pedido de casamento.