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Jovem Pan condenada a pagar R$ 40 mil a youtuber de esquerda ofendido por Tiago Pavinatto

Comentarista associou influenciador marxista a milícia e terrorismo

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 21 de março de 2025 às 12:49

Tiago Pavinatto e IanNeves
Tiago Pavinatto e IanNeves Crédito: Reprodução

A Jovem Pan foi condenada a pagar uma indenização de R$ 40 mil ao historiador e youtuber esquerdista Ian Neves, que possui 493 mil inscritos em seu canal no YouTube. A decisão, proferida pela juíza Thania Cardin, do Tribunal de Justiça de São Paulo, responsabilizou a emissora pelos comentários feitos pelo então comentarista Tiago Pavinatto, que associaram Neves a atividades milicianas e terroristas durante o programa "Os Pingos nos Is", em julho de 2023. A emissora pode recorrer da sentença. As informações foram divulgadas pela Folha de S. Paulo. 

No programa, Pavinatto fez insinuações sobre a sexualidade de Neves, afirmando que, em um regime comunista, ele "iria para cadeia para aprender a virar homem". O comentarista chegou a dizer que, no comunismo, "quem não virasse homem era executado" e que "um homossexual falar que é comunista radical é o fim da picada". Essas declarações foram consideradas ofensivas e discriminatórias na ação movida por Neves.

Os advogados do youtuber argumentaram que Pavinatto usou "uma característica pessoal que não se aplica a Ian Neves como artifício para tentar macular sua integridade e reputação". Eles destacaram que, após o programa, Neves passou a receber ameaças de morte e hostilidades em diversas plataformas digitais, o que aumentou a gravidade do caso.

Em sua defesa, a Jovem Pan afirmou que não tem controle sobre as opiniões expressas por seus comentaristas e que sempre exibe um alerta ao final dos programas, informando que as opiniões não refletem necessariamente a posição do Grupo Jovem Pan de Comunicação. A emissora também argumentou que, se houve ofensa, a responsabilidade seria exclusiva de Pavinatto, que não foi incluído no processo.

Pavinatto, que foi demitido da Jovem Pan em agosto de 2023 após chamar um desembargador de "tarado" e "psicopata", não foi alvo da ação movida por Neves. A emissora ainda sustentou que as declarações do ex-comentarista não configuraram difamação, respeitando os limites da liberdade de expressão e de imprensa.

No entanto, a juíza Thania Cardin rejeitou os argumentos da defesa, afirmando que a Jovem Pan é responsável pelos conteúdos que veicula. Em sua sentença, a magistrada destacou que Neves foi alvo de ataques pessoais, sendo chamado de criminoso, miliciano e terrorista "sem quaisquer preocupações com o significado de cada termo". A decisão reforçou a necessidade de responsabilização por declarações que ultrapassam os limites da liberdade de expressão.