Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 31 de março de 2025 às 08:16
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), executou uma operação hacker contra autoridades do governo do Paraguai. O planejamento dessa ação de espionagem começou ainda durante a gestão de Bolsonaro (PL), mas foi realizada com a autorização do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa. O objetivo da operação foi invadir computadores para obter informações sigilosas sobre as negociações das tarifas de energia da usina hidrelétrica de Itaipu, um tema de disputa entre os dois países há anos. A informação foi divulgada pelo Uol.
>
A operação foi detalhada por um servidor da Abin que participou diretamente da ação, em depoimento obtido pela Polícia Federal (PF). Ele explicou que a ação teve como alvo dados de autoridades paraguaias envolvidas nas discussões sobre os valores pagos pelo Brasil pela energia excedente da usina. A invasão ocorreu meses antes de um novo acordo ser fechado em maio de 2024, que ajustou as tarifas entre os dois países.>
Segundo o depoimento, a operação utilizou o programa Cobalt Strike para invadir sistemas de diversas instituições do Paraguai, incluindo o Congresso, Senado, Câmara e Presidência da República. As informações coletadas visavam dados sensíveis para a negociação das tarifas de Itaipu. No entanto, o agente não detalhou se as informações obtidas pela Abin foram usadas para beneficiar o Brasil na negociação.>
A ação foi realizada de forma estratégica, já que o tratado que regula as tarifas da energia seria revisado em 2023. Nos últimos anos, o Paraguai vinha pressionando o Brasil para aumentar o valor pago pela energia excedente. Em 2023, o governo brasileiro concordou em aumentar a tarifa, mas não no valor solicitado pelos paraguaios.>
A investigação sobre a operação hacker agora está sendo conduzida pela PF, que apura se a ação foi ilegal. A operação, que envolveu viagens para o Chile e o Panamá para montar servidores virtuais, foi autorizada pela cúpula da Abin, incluindo o atual diretor Luiz Fernando Corrêa. Durante o depoimento, o agente afirmou que o diretor "gostou muito" da ação, destacando que era a primeira vez que ele se sentia envolvido em uma operação de inteligência.>
Essa investigação é parte de um inquérito maior, que inicialmente apurava irregularidades na gestão da Abin durante o governo Bolsonaro, mas que agora também investiga possíveis desvios sob a direção de Luiz Fernando Corrêa. A PF já apurou a utilização da agência para espionar adversários políticos e proteger interesses pessoais durante o governo Bolsonaro, e agora investiga se as práticas irregulares continuaram durante a atual gestão.>