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Carol Neves
Estadão
Publicado em 12 de abril de 2025 às 09:56
O Itamaraty afastou nesta sexta-feira (11) o servidor Aldegundes Batista Miranda, motorista oficial do ministério, após ele sugerir em reunião que a polícia deveria "meter o cacete" nos indígenas caso fizessem "bagunça" durante manifestação em Brasília. O caso foi encaminhado à corregedoria do ministério para apuração. >
A gravação da reunião, realizada na quinta-feira (10) pela Secretaria de Segurança Pública do DF, mostra Aldegundes interrompendo um defensor dos indígenas com a frase: "Você queria deixar o pessoal descer logo? Deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça". O Itamaraty afirmou que o servidor "não foi instruído a manifestar-se nos termos noticiados" e deplorou o ocorrido. >
No mesmo dia do encontro, cerca de mil indígenas romperam os gradis de proteção do Congresso Nacional durante protesto, sendo contidos pela Polícia Legislativa com uso de gás de pimenta. A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), que acompanhava o ato, afirmou ter sido atingida pelos agentes. "Meu olho está morrendo de dor", protestou a parlamentar em vídeo. >
A Articulação Nacional dos Povos Indígenas (Apib) classificou o episódio como "violência institucional disseminada", citando especificamente a declaração do servidor do Itamaraty como "racista e de incitação à violência". >
MPF investiga caso>
O Ministério Público Federal abriu investigação preliminar sobre a violência policial contra os manifestantes e determinou a identificação de Aldegundes e a entrega das gravações da reunião e das câmeras de segurança da região. >
Aldegundes, nomeado em maio de 2022 no governo Bolsonaro, recebe salário bruto de R$ 6.284,66 mais R$ 698,66 em gratificações como motorista oficial do Itamaraty. O servidor não foi localizado para comentar o caso.>