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Perla Ribeiro
Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 12:14
Há um ditado popular que diz que um banho de mar lava mais que a pele, lava a alma. No caso de dona Walterlina Porto da Silva, ela esperou quase 100 anos para lavar a alma com água salgada. É que a gaúcha de 99 anos sempre teve medo de entrar no mar, o máximo que fazia era molhar a ponta dos pés na água salgada. Agora, prestes a completar 100 anos, ela criou coragem e matou a vontade que carregava durante uma vida inteira e amou a experiência. >
"Foi o melhor banho da minha vida. Não chorei porque a água bateu no rosto e levou as lágrimas embora. Quando entrei, fiquei com medo. Antes, só molhava os pés. Mas, desta vez, fui indo, a água foi subindo. Aí, veio uma onda e me lavou inteira. Foi uma emoção enorme", descreveu a idosa, em entrevista ao G1 Rio Grande do Sul. >
Nascida em 26 de fevereiro de 1925, ela é natural do município de Taquari, na Região Central do RS, e viveu a experiência que ficará marcada para sempre em sua vida em Tramandaí. Por conta da idade avançada, a mobilidade já não é a mesma de outrora. Para garantir que desse tudo certo no seu primeiro banho de mar, ela contou com o serviço dos banhos acessíveis nas cadeiras anfíbias, oferecido pelo Sesc/RS. A iniciativa é gratuita e voltada a qualquer pessoa com dificuldade de mobilidade, como idosos e deficientes físicos. Os usuários são levados e acompanhados por um técnico, que garante a segurança e o acesso à água. "Os instrutores foram muito gentis, e a água estava limpa e morna. Vou fazer 100 anos e estou feliz e realizada", relata a idosa.>
Dona Wallterlina não teve filhos biológicos, mas tem dois sobrinhos que são para ela como filhos. Deles, ganhou ganhou dois netos e um bisneto. Eles foram os grandes incentivadores para que ela pudesse vivenciar essa experiência há poucos dias de completar um século de existência. Neta da idosa, a professora Luciana Fernandes, 48, disse que foi lindo ver a avó tomar o primeiro banho de mar da sua vida. >
"É muita vitalidade, afinal de contas, ela tá quase completando 100 anos. Foi lindo. Melhorar a questão da acessibilidade para idosos e pessoas com baixa mobilidade é fundamental e é uma luta. Vejo quanto é difícil a acessibilidade nesses lugares em que as pessoas, às vezes, não podem nem chegar porque tem de caminhar todo o trajeto e ir à beira da praia. Muitas não têm condições de aproveitar e viver o verão e a vida como mereciam", avaliou a neta, em entrevista ao G1.>