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Carol Neves
Publicado em 11 de abril de 2025 às 09:29
A movimentação de deputados da base governista em apoio ao Projeto de Lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro provocou forte reação no Palácio do Planalto. O sentimento dominante entre os integrantes mais próximos do presidente Lula é de “indignação”, segundo informações divulgadas pela colunista Bela Megale, de O Globo. >
A principal crítica do governo é que é inaceitável que parlamentares de partidos que integram a administração federal apoiem um projeto que pode perdoar pessoas que tentaram derrubar o próprio governo, além de terem, segundo o Executivo, planejado ações extremas como o assassinato de Lula.>
A proposta, impulsionada pelo Partido Liberal (PL), vem sendo articulada como forma de conceder anistia a todos os envolvidos nos eventos do 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Para o Planalto, o real objetivo do projeto não seria proteger personagens como a cabeleireira Débora Rodrigues — apontada por bolsonaristas como símbolo da perseguição judicial — mas sim beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e militares de alto escalão de seu governo que já se tornaram réus no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.>
Nomes próximos ao poder têm demonstrado intenção de negociar. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quinta-feira (10) que o governo está disposto a discutir alternativas que reduzam penas dos envolvidos, desde que os líderes da tentativa de golpe não sejam contemplados. Gleisi reiterou sua oposição ao projeto de anistia em análise na Câmara e alertou que, embora o texto não diga de forma explícita, o resultado prático da proposta é livrar Bolsonaro e os generais que o apoiaram.>
Para que o pedido de urgência seja votado diretamente no plenário da Câmara, são necessárias 257 assinaturas - número que foi alcançado ontem à noite segundo Sóstenes Cavalcante (PL). Entre os signatários, mais de 115 são deputados de partidos que compõem a base do governo, como MDB, União Brasil, PP, PSD e Republicanos — todos com representação no primeiro escalão ministerial.>