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Estadão
Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 21:27
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) em endereços ligados ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Ele é suspeito de receber informações privilegiadas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
"Quando os agentes comunitários de saúde baterem à sua porta, não tenha medo, apenas receba-os", diz a publicação no perfil oficial do governo, administrado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), no X.
Na imagem veiculada ao texto sobre importância dos agentes da saúde na prevenção da dengue, a mão de um homem bate numa porta da madeira e, acima da fotografia, há uma inscrição: "'Toc, toc, toc..."
O Estadão questionou o Palácio do Planalto se a publicação no perfil teve aval da Presidência da República e consultou a Secom a respeito do intuito da postagem, mas não obteve retorno.
A publicação faz referência a um discurso da ex-deputada federal Joice Hasselmann, numa ocasião em que usou a tribuna da Câmara dos Deputados em 2022. No discurso, Joice simulava como seria o dia em que uma operação da PF tivesse como alvo o então presidente Jair Bolsonaro.
Apesar de ter sido eleita em 2018 na esteira do bolsonarismo, Hasselmann, à época, já estava rompida com a gestão federal. "Seis horas da manhã, 'toc toc toc', três batidinhas na porta. Aí quem está do lado de dentro pergunta: 'quem é?'. A resposta: 'É a Polícia Federal'", diz Joice no discurso, que virou um meme nas redes sociais e, à ocasião de operações de busca e apreensão, é recuperado como forma de ironizar a situação de um adversário político.
Na manhã desta segunda-feira, a própria Joice Hasselmann gravou um vídeo ironizando Carlos Bolsonaro e fazendo referência ao seu discurso. Em agosto de 2023, ela já havia simulado o próprio discurso para ironizar uma operação que teve como alvo Carla Zambelli (PL-SP).
Não é a primeira vez que um perfil oficial do governo Lula publica uma ironia velada. Em maio de 2023, sob a suspeita de fraude no cartão de vacinas de Jair Bolsonaro, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão nos endereços do ex-presidente.
No mesmo dia, o governo publicou um lembrete de que a vacina bivalente para covid-19 estava liberada nos postos de saúde. "Tomar vacina, gostoso demais."
Um mês depois, em junho de 2023, após o fim do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que sentenciou a inelegibilidade de Jair Bolsonaro por 5 a 2, o perfil do governo no Instagram postou a seguinte mensagem: "Sextou só com notícia boa!!!", seguida de uma imagem com a expressão "Grande dia!" e um emoji de "joinha".