Funerária viraliza após pai pedir que corpo de mulher trans seja enterrado como homem

"Pediu que retirasse alongamento de cabelo e cortasse as unhas", lamentou

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Publicado em 20 de setembro de 2024 às 15:04

Caso chocou internautas
Caso chocou internautas Crédito: Reprodução

A tanatopraxista Cristiane Rocha, que trabalha em uma funerária, viralizou no Instagram após contar a história de um dos corpos que recebeu para arrumar para o velório. Ela conta que foi contratada para arrumar uma mulher trans para ser enterrada. A tanatopraxia é uma prática essencial no campo da preparação e conservação de corpos após o falecimento.

O problema é que o pai da moça não aceitava a identidade de gênero da filha e fez exigências à empresa.

“Recebi o corpo de uma mulher trans muito bonita, com alongamento capilar, extensão de cílios, unhas de gel, muito bem cuidada e vaidosa. O pedido da família foi que esse corpo fosse totalmente descaracterizado, que retirasse seu alongamento de cabelo e cortasse as unhas, e também o esmalte. E não aplicasse qualquer tipo de maquiagem. Levaram um terno fúnebre, para que vestisse nela”, conta a moça, triste com a situação.

O assunto gerou comoção nas redes sociais, sobretudo na comunidade LGBT+, que relatou como esse tipo de atitude pode ser violenta, mesmo após a morte. “A transfobia segue mesmo após a pessoa estar morta”, lamentou um internauta. “Esse pai já morreu por dentro há muito tempo”, lamentou uma moça. Outros comentários apoiando a família foram feitos na publicação.

O advogado em direito de família Renato Buss comentou o vídeo e ensinou como as pessoas trans devem agir para evitar passar por uma situação similar em caso de morte. "Para evitar que situações como essa aconteçam, é muito importante que você faça, enquanto pessoa trans, um testamento. E que, nesse testamento, você destine uma parte aos codicilos", diz. "Basicamente codicilos são uma definição de quais flores você quer usar no seu funeral, quem pode fazer uma cerimônia, onde você quer ser enterrado, dentre outras várias questões que não são financeiras, como normalmente encontramos nos testamentos", explica. 

Ou seja, a pessoa trans precisa fazer um testamento e nomear alguém para "fazer valer suas vontades", que a "represente quando não estiver mais viva", continua Buss. Ele reforça que é fundamental que essa pessoa seja alguém de extrema confiança.