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Estadão
Publicado em 1 de setembro de 2024 às 10:29
Enquanto 108 empresas - que somaram 113 pedidos - correm para se adequar à regulação imposta ao setor de apostas esportivas, que valerá a partir de 1º de janeiro de 2025, a venture builder americana Cronwstone Ventures está buscando aquelas que estão à margem do processo. >
A ideia é comprar o controle de bets que não têm estrutura e capital para atender as exigências do governo, fundi-las e formar novas casas, que deverão gerar cerca de R$ 30 milhões de depósitos mensais cada uma. Para isso, tem em caixa R$ 50 milhões neste ano e projeta ter mais R$ 300 milhões para alocar em 2025. O capital vem de investidores suíços e americanos.>
Para obter a licença junto ao Ministério da Fazenda, as casas de apostas têm de desembolsar R$ 30 milhões e manter R$ 5 milhões de reserva financeira. Atualmente, há, no Brasil, mais de 3.000 bets, conforme as estimativas da Cronwstone Ventures - e a grande maioria não está se licenciando. "O Brasil criou uma estrutura que tira o amador do mercado", diz Brunno Galvão, CEO da empresa.>
A Cronwstone Ventures montou a própria casa de apostas, Elisa Bet, que colocou no ar após a aprovação, na Câmara dos Deputados, da lei que regulamentou as apostas esportivas online, em dezembro de 2023. "Apesar de nossa tese de investimento, não queríamos fazer um movimento enquanto o mercado não fosse legalizado", diz o executivo.>
O licenciamento dá direito a três marcas. Sob o guarda-chuva de cada uma delas, a venture builder planeja consolidar entre seis e dez bets, criando novas marcas.>
No radar, estão cerca de 300 firmas que não têm capital para obter a licença, mas fazem "um bom trabalho", com equipe eficiente, tecnologia adequada ou um modelo de negócio interessante, comenta.>
"Estamos olhando para empresas que não têm dinheiro para entrar na regulamentação, mas recebem depósitos de até R$ 100 milhões por ano", contou o executivo. "As marcas formadas a partir daí deverão ter aproximadamente quatro milhões de jogadores em sua carteira.">
Além de casas de apostas online, a Cronwstone está de olho em outros players, meios de pagamento, comunidades de afiliados e soluções de tecnologia para o setor.>
Estas comunidades são firmas formadas por intermediários que geram negócios para as bets, ganhando comissões para vender apostas. A primeira aquisição da Cronwstone no Brasil foi justamente de uma dessas, a NoHype, no ano passado, por R$ 6 milhões. Na época, a firma tinha 6 mil membros, conta Galvão, e agora são 13 mil.>
"Hoje, os afiliados representam 35% da geração de receitas", estima o executivo, apoiado em pesquisas do setor. "É um modelo de negócio que está começando no Brasil.">
Galvão compara o momento vivido pelo setor no País com o início da fase das startups no mundo. "Estamos vivendo um momento que é a corrida do ouro do século", comenta. Conforme estimativas do mercado, diz, as apostas no Brasil alcançarão R$ 180 bilhões em 2030.>
Embora a regulamentação seja recente, a atividade deixou de ser ilegal no fim de 2018, com uma lei sancionada pelo ex-presidente Michel Temer. Mas foi em 2020, com o lançamento do Pix, que as apostas online explodiram, diz Brunno Galvão, em virtude da facilidade de fazer transferências imediatas.>
Segundo ele, no ano passado, o Brasil foi o país que mais teve acessos a sites de apostas, com três bilhões, seguido por Reino Unido e Nigéria. As receitas das bets alcançaram entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões, diz, citando relatório da XP Investimentos que usa o agregador de plataformas de BNL. O executivo afirma ainda que estimativas do mercado dão conta de que 90% das receitas são convertidas em prêmios aos apostadores.>