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Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2019 às 20:54
- Atualizado há 2 anos
A Fiocruz vai monitorar o impacto na saúde das pessoas atingidas pelo derramamento de óleo nas praias do Nordeste. De acordo com a instituição, um dos objetivos centrais é acompanhar o risco para pescadores, marisqueiros e grávidas. Um grupo de trabalho se reuniu pela primeira vez nesta terça-feira (5) para avaliar o problema e discutir o caso.
Uma equipe da Fiocruz foi destacada pelo Ministério da Saúde para trabalhar dando apoio ao Centro de Operações de Emergência (COE/Petróleo). O pesquisador Guilherme Franco Netto, assessor da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, diz que o grupo vai apresentar ao ministério um plano de ação incluindo capacitação a curto prazo para profissionais de saúde do SUS, para que eles consigam prestar socorro levando em conta os riscos que o desastre ambiental pode representar para a saúde dos afetados.
“Nas áreas atingidas, os pescadores e marisqueiras correm o risco de ter contato direto com o material contaminado e o pescado como principal fonte de sua alimentação e modo de vida nos territórios que habitam. Essas populações exercem um papel central na defesa do patrimônio cultural, ambiental e econômico da costa do Nordeste. Por isso, temos que ter um cuidado redobrado com essas pessoas, e, por isso mesmo, envolvê-las na organização da resposta”, explica o pesquisador. A população estimada de pescadores e marisqueiros no Nordeste é de 144 mil pessoas.
Para Guilherme, as grávidas que vivem na área devem também ter atenção especial. “Há necessidade de monitorar criteriosamente a saúde das futuras mães e dos fetos que estão em desenvolvimento”, diz.
Além desses grupos, ele destaca que militares, defesa civil e voluntários que estão trabalhando diretamente na remoção do óleo estão mais expostos aos riscos de contaminação, seja pela inalação, contato na pele ou ingestão de comida contaminada.
Riscos de doença O óleo vazado é uma mistura complexa que traz o benzeno, ítem cancerígeno. A contaminação pelas substâncias pode acontecer na ingestão, inalação ou absorção da pele.
Pessoas expostas ao óleo podem ter irritação na pela, rash cutâneo, queimação e inchaço. Outros sintomas incluem problemas respiratório, cefaleia e náusea, além de dores abdominais, vômito e diarreia.
O maior temor a longo prazo, diz a Fiocruz, é justamente o câncer, em especial alguns tipo de leucemia. A recomendação dos pesquisadores é a que a exposição ao produto vazado seja o mínimo possível e quem chegar perto deve usar roupas protetoras, que posteriormente devem ser descartadas de maneira apropriado.
Medidas A Fiocruz deve adotar um conjunto de medidas estratégicas. Entre elas está definir parâmetros para analisar os alimentos analisando uma potencial contaminação; garantir a segurança alimentar da população, especialmente as comunidades que vivem e trabalham do mar e do mangue; envolver o Conselho Nacional de Saúde e Conselhos de Saúde locais; implementar estudos de monitoramento de longo prazo na população exposta; e informar à população sobre a não exposição ao óleo bruto ou frequentar áreas contaminadas, especialmente grávidas, cranças e mulheres em fase reprodutiva.
A instituição diz ainda que é preciso que os órgãos ambientais orientem a população sobre como recolher e descartar material contaminado, seguindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos.