Filha de Cupertino diz que ficou oito meses presa dentro de casa pelo pai: 'Sem contato, celular, convívio'

Isabela Tibcherani tinha 18 anos quando namorou Rafael Miguel; jovem foi morto a tiros, junto com os pais. Paulo Cupertino é acusado do crime.

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Publicado em 18 de outubro de 2024 às 09:03

Jovem tinha apenas 19 anos quando seu namoro foi morto
Jovem tinha apenas 19 anos quando seu namoro foi morto Crédito: Reprodução / TJSP

A filha de Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais em 2019, contou que foi vítima de cárcere privado pelo próprio pai durante oito meses. No depoimento durante julgamento do assassinato, na semana passada, Isabela Tibcherani relatou que foi presa dentro de casa após o pai descobrir o relacionamento com o artista. As declarações foram obtidas pelo g1 São Paulo. 

"Oito meses, sem contato, sem celular, sem convívio com outras pessoas, só dentro de casa", revelou. Ela ainda disse que o pai só permitiria uma relação da filha depois que a jovem completasse 30 anos. "Ele falava em brincadeiras e conversas paralelas com pessoas conhecidas: 'Você só vai namorar depois dos 30, se eu deixar'", relembra. 

Isabela detalhou que o relacionamento durou mais de 1 ano com Rafael, a maior parte por contato virtual. Quando o relacionamento foi descoberto e o contato, restrito, ela pegava o celular da mãe para entrar em contato com o rapaz. A tragédia aconteceu quando os dois tentaram se encontrar presencialmente e foram flagrados por Paulo. Confira a descrição:

"A mãe do Rafael, quando viu meu pai, ela falou: 'Você que é o pai de Isabela?' 'Não, eu sou a mãe.' Me puxou para dentro e fechou o portão de maneira agressiva. Mas aí veio o Rafael, falou: ‘Não, vamos conversar’. Segurou o portão [...] Eu já estava dentro de casa [...] E eu ouvi meu pai dizendo: 'Conversar, nada'. E a partir daí eu só ouvi os disparos", recorda.

"Foram muitos disparos. Eu agachei no chão. Com as mãos no ouvido, gritava muito. Falava: 'Não, não, não' (...) E quando os disparos terminaram, eu saí e me deparei com a cena, que era o corpo do Rafa em cima do corpo da mãe dele, que estava perto da guia (...), que estava perto do carro, e o corpo do pai do Rafael estava no meio da rua (...) Eles não tiveram tempo de muita coisa", acrescenta.

O julgamento faz referência ao assassinato de Rafael Miguel, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel em junho de 2019, em São Paulo. As mortes aconteceram na casa de Isabela, que era namorada de Rafael.

Na casa, as vítimas foram baleadas, na Estrada do Alvarenga, no bairro Pedreira, na zona sul da capital, e o responsável pelos tiros teria sido Cupertino. A justificativa seria o desgosto do sogro pelo namoro da filha.

Após os homicídios, ele fugiu, e a Justiça decretou sua prisão temporária, convertida em preventiva em 2020. Cupertino foi efetivamente preso em maio de 2022, em São Paulo, por uma denúncia anônima, após ter mais de 100 endereços diferentes e passar por três países no período foragido.