Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Facções expulsam provedores e dominam serviço em comunidades: 'Internet virou a nova boca de fumo'

Os criminosos têm ameaçado, extorquido e até incendiado veículos e lojas de empresas legais

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Perla Ribeiro

Publicado em 14 de abril de 2025 às 08:35

Facções expulsam provedores e dominam serviço em comunidades: 'Internet virou a nova boca de fumo'
Facções expulsam provedores e dominam serviço em comunidades: 'Internet virou a nova boca de fumo' Crédito: Reprodução/TV Globo

Elas já são famosas por cobrar taxas de comerciantes para não terem os estabelecimentos assaltados. Agora, as facções exploram um novo segmento: estão expulsando os pequenos provedores de internet das comunidades para assumirem o fornecimento clandestino do serviço. A prática tem se tornado um dos negócios mais lucrativos do crime organizado. Os criminosos têm ameaçado, extorquido e até incendiado veículos e lojas de empresas legais que atuam no setor no Rio de Janeiro, no Pará e no Ceará. O assunto foi denunciado no Fantástico do último domingo (13).

Só no Rio, mais de 120 investigações foram abertas pela Polícia Civil desde o ano passado. As ações miram grupos que instalam redes ilegais, impedem empresas autorizadas de atuar e, em muitos casos, cobram pedágio das operadoras, aponta a reportagem da TV Globo. Os criminosos também utilizam aplicativos de mensagem para impor regras aos moradores. Em um dos áudios enviados a clientes, um homem avisa: “Peço a colaboração de todos, entendeu? Pra não passar por cima da nossa ordem. Ordem de forças maiores”.

De acordo com o delegado Pedro Brasil, a Internet virou a nova boca de fumo. Em bairros controlados pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), cujo chefe é Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão — traficante mais procurado do estado —, técnicos são abordados com ameaças. “Quem manda aqui é o Peixão. Vou te matar se não sair daqui”, diz um dos áudios obtidos pela reportagem do Fantástico. “O que chateia mais é o cara dizer que, se você não atender aos desejos dele, o seu funcionário vai descer do poste na bala”, contou um provedor do norte fluminense, que acabou desistindo do negócio.

O Comando Vermelho, segundo a polícia, ameaçou provedores de internet no Pará. Em janeiro, o carro de uma empresa foi incendiado em Ananindeua, região metropolitana de Belém. No Ceará, os criminosos promoveram ao menos 13 ataques em seis semanas. Eles destruíram lojas e expulsaram técnicos de campo. Quase 16 mil moradores da cidade de Caridade ficaram sem internet após os ataques. Até agora, 15 empresas fecharam as portas no estado.

Para autoridades, o domínio das redes clandestinas representa também um risco à segurança digital. Sem regulação e com acesso irrestrito aos equipamentos, criminosos podem espionar comunicações, aplicar golpes e distribuir vírus. A associação que representa o setor alerta para o risco de o problema se espalhar para outras regiões. “A gente tem medo que isso escale para o Brasil inteiro, por não ter um retorno rápido da segurança pública. Estamos falando de segurança nacional”, diz Mauricélio Oliveira, presidente da Abrint.

De acordo com informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), há mais de 20 mil pequenos e médios provedores no país. Só nos últimos dois anos, essas empresas investiram mais de R$ 18 bilhões em infraestrutura. "A Anatel está à disposição de todas as forças policiais, de todas as forças de segurança pública, para poder ajudar tecnicamente na identificação desses delitos", afirmou. Já a Secretaria de Segurança Pública do Rio informou, por meio de nota, que está em contato com a Anatel e já mapeou áreas de atuação das facções. No Ceará, 48 pessoas foram presas suspeitas de envolvimento nos ataques, segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado. O órgão disse que vem fiscalizando o comércio ilegal de provedores em áreas onde houve interrupção do serviço.