FAB nega que imprensa teve acesso a conteúdo de caixas-pretas de avião da Voepass

Cenipa diz que segue protocolos legais. TV Globo divulgou que equipamento registrou conversa na cabine dos pilotos

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Publicado em 15 de agosto de 2024 às 09:34

Avião caiu em área residencial
Avião caiu em área residencial Crédito: Claudia Vitorin/Arquivo Pessoal/Reprodução

A Força Aérea Brasileira (FAB) divulgou uma nota afirmando que a imprensa não teve acesso aos áudios, transcrições e dados das caixas-pretas do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, São Paulo, na semana passada. 

A Força Aérea, por meio do Cenipa, "assegura que nenhum veículo de imprensa teve acesso aos áudios, transcrições, tampouco aos dados dos gravadores de voo, popularmente conhecidos como caixas-pretas (Cockpit Voice Recorder e Flight Data Recorder) da aeronave de matrícula PS-VPB", envolvida no acidente aéreo em Vinhedo.

O Cenipa destaca, ainda, que "segue estritamente os protocolos específicos estabelecidos pela Lei 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica - CBA), pelo Decreto 9.540/2018 e pelo Anexo 13 à Convenção sobre Aviação Civil Internacional, de 1944".

Além disso, a FAB "reitera seu compromisso com a transparência e a seriedade na condução das investigações, bem como pelo respeito à dor dos familiares das vítimas envolvidas no acidente".

Gravação

Análise preliminar do gravador de voz da cabine do avião da Voepass que caiu com 62 pessoas a bordo em Vinhedo, no interior de São Paulo, na sexta-feira, 9, indica que o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntou ao piloto Danilo Santos Romano o que estava acontecendo após perceber que a aeronave perdia sustentação. Conforme reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, na quarta-feira, 14, até o avião cair se passou cerca de 1 minuto e a gravação é finalizada com gritos

O Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável pela investigação, transcreveu cerca de duas horas de conversa entre o piloto o copiloto.

Segundo a Globo, não foi possível identificar até o momento a causa para a queda do avião e, como o avião modelo ATR 72-500 tem as hélices muito próximas da cabine, o excesso de barulho dificultou a compreensão dos diálogos.

Não foram identificados sons de alertas de presença de fogo, falha elétrica ou de pane no motor.

Conforme investigadores ouvidos pelo Jornal Nacional, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva chegou a dizer que era preciso dar potência para estabilizar a aeronave e impedir a queda depois que percebeu que o avião estava perdendo sustentação.

O relatório preliminar sobre o acidente deve ficar pronto em 30 dias.

As causas estão sendo investigadas pelo Cenipa, ligado à Força Aérea Brasileira (FAB). É o acidente com o maior número de vítimas desde a queda da aeronave da TAM, em São Paulo, em 17 de junho de 2007, que vitimou 199 pessoas.

A Voepass afirma que a aeronave, do tipo ATR, estava em boa condição e havia passado por manutenção. O modelo, considerado seguro, é bastante usado na aviação comercial em viagens curtas