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Ex-ministro Silvio Almeida volta a negar assédio: 'Anielle se perdeu num personagem'

Ele deu entrevista pela primeira vez depois de demissão

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 09:54

Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Cinco meses após ser acusado de importunação sexual pela ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) e por outras mulheres, o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida voltou a negar o crime. Em entrevista ao Uol, Almeida  classificou as denúncias como "fofocas" e afirmou que foi vítima de uma "armadilha política". Ele prestará depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (25), em Brasília, em um inquérito sob sigilo de Justiça.

Silêncio e estratégia de defesa

Questionado sobre o motivo de ter ficado em silêncio por tanto tempo, Almeida explicou que precisou cuidar da família e da saúde, além de evitar um clima de hostilidade. "Minha defesa era lida como forma de desrespeito às supostas vítimas", disse. Ele também destacou que as investigações são sigilosas, mas afirmou que "chegou a hora de começar a falar".

Acusações de Anielle Franco

Anielle Franco afirmou à revista "Veja" que o assédio teria começado durante a transição de governo. Almeida rebateu, dizendo que não conviveu com a ministra nesse período. "Tenho lembrança de ter encontrado Anielle em duas ocasiões", afirmou, citando um jantar e o anúncio dos ministros. Sobre a acusação de que teria feito "sussurros eróticos" e passado a mão nas pernas dela durante uma reunião, Almeida foi categórico: "É óbvio que não". Ele descreveu o encontro como tenso, com divergências sobre políticas de combate ao racismo nos aeroportos, e acusou Anielle de ser "deselegante".

Questionado se a ministra não teria muito a perder com uma falsa denúncia, ele disse que acha que a colega "caiu numa armadilha". "Acho que ela caiu numa armadilha, a falta de compreensão de como funciona a política —a armadilha em que eu caí também. Não prestei atenção em coisas em que deveria ter prestado mais atenção. Ela, da mesma forma. Ela se perdeu num personagem. Para tentar me desgastar, ela participou desse espalhamento de fofocas e intrigas sobre mim", disse, avaliando que talvez ela quisesse "minar minha credibilidade", "me queimar".

Outras denúncias

Além de Anielle, a professora Isabel Rodrigues e uma ex-aluna também acusaram Almeida de assédio. Sobre Isabel, ele expressou surpresa, já que mantiveram uma amizade por anos. "De repente, ela aparece candidata [a vereadora], se declarando a 15ª vítima", disse. Quanto às alunas, Almeida negou as acusações e destacou que nunca teve problemas semelhantes em suas duas décadas como professor. "Tive aproximadamente 40 mil alunos. Metade disso são mulheres. Nunca tive nenhum tipo de acusação", afirmou.

Armadilha política e intrigas

Almeida sugeriu que as acusações foram parte de uma estratégia para prejudicá-lo. "Tem gente especialista, dentro e fora do governo, em criar intriga e vazar para a imprensa", disse. Ele citou grupos do movimento negro e adversários políticos como possíveis responsáveis por espalhar os boatos. "Há disputa de espaço, poder e dinheiro", afirmou.

Relação com o Me Too Brasil

O ex-ministro criticou a ONG Me Too Brasil, que recebeu denúncias contra ele, acusando-a de manipular causas relevantes para acessar poder e dinheiro. "Supostas denúncias contra mim foram levadas diretamente para um jornalista. Isso viola o dever de proteção de dados e de sigilo", disse. Ele também mencionou uma possível tentativa de interferência em licitações no ministério, mas afirmou que a Justiça decidirá sobre o caso.

Mensagens e contexto

Sobre as mensagens de WhatsApp em que elogiava o vestido de Anielle Franco, Almeida afirmou que o contexto era de cordialidade. "Ela me mandou uma foto para postarmos juntos. Achei gentil e educado dizer que o vestido estava deslumbrante", explicou. Ele negou qualquer insinuação de que teria se encantado pela ministra.

Demissão e futuro

Almeida disse não se sentir decepcionado com o presidente Lula pela demissão, entendendo que ele foi levado a uma "situação incontornável". Sobre o impacto das acusações em sua vida, o ex-ministro afirmou: "Primeiro senti uma desorientação. Quando as pessoas começam a falar de uma coisa que você não é, você passa a se perguntar quais foram suas atitudes na vida para que estejam te xingando desse jeito". Ele prometeu responsabilizar todos os envolvidos na difamação.

Almeida encerrou a entrevista com uma citação a Nelson Mandela e Luiz Gama, afirmando que não pedirá desculpas por algo que não fez. "Não há conforto na injustiça", concluiu.