Estado não pode se intimidar ante plataformas digitais, diz Lula na ONU

Fala faz referência à suspensão do X, antigo Twitter, no Brasil

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Publicado em 24 de setembro de 2024 às 14:54

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Abertura do Debate Geral da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, no Salão da Assembleia Geral, da Sede das Nações Unidas (ONU)
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Abertura do Debate Geral da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, no Salão da Assembleia Geral, da Sede das Nações Unidas (ONU) Crédito: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 24,, em discurso na Assembleia Geral da ONU, que o Estado não pode se intimidar frente a indivíduos ou plataformas digitais, e que tem o direito de julgar e fazer cumprir as regras de seu território. Ele não citou nomes, mas se trata de uma referência à suspensão do X, antigo Twitter, pelo Supremo Tribunal Federal.

"O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital", disse o presidente da República.

Lula deu a declaração em um trecho do discurso dedicado a pregar contra extremismos e "interesses reacionários". Nesse caso, a referência interna é ao grupo político de Jair Bolsonaro, ex-presidente e principal adversário do petista. Bolsonaristas criticam a decisão de derrubar o X no Brasil e costumam fazer elogios ao bilionário Elon Musk, dono da plataforma.

"Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. A democracia precisa responder às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência. No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas. Tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldades de um continente depauperado", declarou o petista.