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Entenda quem são os 'Kids Pretos' que executariam golpe de Bolsonaro, segundo a PF

Os "Kids Pretos" são treinados para participar de operações com alto grau de risco com a aplicação de táticas de guerrilha,

  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Estadão

Publicado em 9 de fevereiro de 2024 às 23:13

null Crédito: Reprodução

Qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora, de qualquer maneira. O lema dos "Kids Preto", como são conhecidos os militares do Comando de Operações Especiais do Exército, está gravado no histórico dos principais nomes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), o coronel da reserva Élcio Franco, que foi número 2 de Pazuello no ministério, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, integraram as fileiras do grupamento de elite da Força.

De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF) sobre organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, o ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) general Estevam Theóphilo, alvo de operação da nesta quinta-feira, 8, teria concordado com a ideia de golpe em uma conversa com o ex-presidente. Theóphilo seria o "responsável operacional" por arregimentar as Forças Especiais do Exército para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Além de ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de efetuar a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado", diz a decisão desta quinta, que autorizou a operação da PF.

Os "Kids Pretos" são treinados para participar de operações com alto grau de risco com a aplicação de táticas de guerrilha, planejamento de fugas e terrorismo. Considerados a elite de combate do Exército, os militares são especialistas em ações de sabotagem e incentivo em revoltas populares (insurgência popular). Eles usam gorros pretos nas operações, por isso receberam esse nome informal.

O coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, ex-assessor especial da Presidência e apontado como integrante do núcleo que alimentava Bolsonaro com informações que o ajudariam a consumar o golpe de Estado, foi um "Kid Preto".

Ele também é investigado no caso das joias, revelado em uma série de reportagens exclusivas do Estadão, e foi citado pela PF como pessoa de interesse no inquérito que apura os indícios de adulteração no cartão de vacina de Jair Bolsonaro.

O advogado do coronel Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz, afirmou que foi até Brasília para tratar do caso e que ainda não teve contato com o processo. "Já fiz uma petição eletrônica pedindo acesso e espero que não tenha dificuldades para acessar os autos desta vez. Meu cliente está preso e ter acesso aos autos é fundamental para que possamos tomar as providências cabíveis", afirmou.

Outro investigado e alvo da operação desta quinta-feira, que integrou o grupo de elite do Exército é Mario Fernandes, chefe substituto da Secretaria-Geral do governo Bolsonaro. Segundo a PF, ele fazia parte de um núcleo de oficiais de alta patente do Exército que tinha como objetivo mobilizar a caserna em favor do golpe.