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Larissa Almeida
Publicado em 28 de dezembro de 2024 às 18:19
O bolo de Natal que estava envenenado e causou a morte de três pessoas no município de Torres, no Rio Grande do Sul, continha arsênio na composição. A substância, que é considerada tóxica, foi encontrada no sangue de uma vítima fatal e dos sobreviventes. Segundo o químico Roberto Márcio, uma vez que causou a intoxicação imediata daqueles que comeram a sobremesa, é praticamente impossível que o material venenoso tenha surgido nos produtos vencidos utilizados na preparação do bolo.
“Muito provavelmente, esse arsênio foi inserido através de alguma substância, justamente por falta de cuidados ou talvez propositalmente. [...] Nesse caso pode ter sido o acréscimo de algum contaminante, como um veneno para rato ou insetos. O que nós chamamos de ‘chumbinho’ é um produto utilizado para controlar ratos que contém arsênio e outros elementos metálicos com características venenosas”, aponta Roberto, que é mestre em química analítica ambiental e professor da UniRuy Wyden.
O bolo foi preparado em Arroio do Sal, cidade vizinha a Torres. De acordo com os investigadores do caso, vários produtos fora da data de validade foram encontrados na casa da responsável pelo preparo da sobremesa. Ela, que foi a única a comer dois pedaços do doce, está internada por ter a maior quantidade de arsênio no sangue.
O químico Roberto Márcio não acredita que o arsênio tenha sido derivado dos alimentos vencidos por conta do rigoroso controle alimentício que há no Brasil. Ainda que houvesse um erro nesse controle, ele afirma que um só alimento não poderia ocasionar a intoxicação imediata.
“Nós estamos sujeitos, inclusive, à contaminação do arsênio por água, por falha no tratamento de água, mas, ainda assim, ele seria um fenômeno acumulativo. Ou seja, com o tempo ele poderia causar dano, como [ocorre com] o chumbo, mercúrio e o talho”, esclarece.
O arsênio é o elemento de número 33 da tabela periódica, categorizado como semimetal e é um produto obtido a partir do tratamento de minérios de cobre, níquel, cobalto, chumbo, zinco e ouro. Normalmente, ele é encontrado em processos industriais e em extrações minerais na versão tóxica. Ele também gera compostos orgânicos– como em peixes e crustáceos – e inorgânicos – como em poeiras e vulcões.
Os compostos inorgânicos são os mais danosos. Uma dose de 140 miligramas de arsênio inorgânico trivalente para causar a morte de um ser humano adulto por dano à respiração celular, em poucas horas ou dias. As maiores fontes de exposição a essa substância são através de água com nível alto do composto e por meio de alimentos que foram irrigados com água com alto teor do semimetal.