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Da Redação
Publicado em 7 de setembro de 2017 às 14:44
- Atualizado há 2 anos
O empresário Demerval de Souza, dono da construtora DAG, confirmou que comprou o terreno em São Paulo para a construção da sede do Instituto Lula, em acordo com a Odebrecht. O empreiteiro revelou ao juiz federal Sérgio Moro pagamentos ao advogado do ex-presidente, Roberto Teixeira, e diz ter recebido, de forma lícita, R$ 7,2 milhões da Odebrecht após o ex-presidente Lula "não ter gostado do local e desistido da transação".>
O depoimento do empresário ocorreu nesta quarta-feira, 6, na Justiça Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato.>
O empresário tentou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, mas um dos procuradores na audiência esclareceu que as tratativas foram interrompidas porque ele não atende a requisitos de um colaborador.>
Demerval é réu acusado de usar sua empresa para intermediar a compra, pela Odebrecht, de terreno onde seria sediado o Instituto Lula, que, segundo o Ministério Público Federal, teria sido custeado com recursos ilícitos oriundos de contratos da Petrobrás.>
O empresário alegou a Moro ter sido procurado pelo delator Paulo Mello, da Odebrecht, que propôs a compra do terreno, sem mencionar que seria destinado a Instituto. "Ele disse que não via com bons olhos a Odebrecht ser identificada como compradora do terreno".>
"Poucos dias depois, encontro com Marcelo. Temos um almoço de dois amigos, e no meio da conversas Marcelo pergunta se Paulo Melo havia comentado da compra do terreno para construção do Instituto Lula", afirmou.>
Demerval disse ter sido informado por Marcelo Odebrecht que poderia, depois de adquirir o terreno e construir a sede do Instituto, alugar ou vender o imóvel para a entidade, porque um "pool de empresas" faria doações ao IL.>
Ele alegou ter sido combinado que, em face da demora que teria para obter tal retorno, combinou um adiantamento de R$ 8 milhões da Odebrecht em outro contrato no qual teria sido subcontratado pela empreiteira, no âmbito do Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos.>
O empresário ainda contou ter sido solicitado a fazer uma limpeza do local para uma visita do ex-presidente Lula.>
"Fui surpreendido, em junho de 2011. O (João Alberto) Louveira me chama: 'Olha Demerval aconteceu uma coisa inesperada'. Eu percebi que ele estava tão surpreso quanto eu fiquei".>
Louveira é um dos 77 delatores da Odebrecht. Ele teria dito, segundo Demerval: "Houve a visita, o presidente chegou lá e não gostou do terreno".>
"E aí eu disse: Espere aí Louveira! Eu gastei dinheiro, deram a garantia, como não?". Houve desgaste com Louveira e Paulo. "Eu disse: Paulo, o dinheiro que eu coloquei aqui era um dinheiro meu que eu lucraria no Prosub".>
Demerval ainda reclamou de pagamentos que alega ter feito ao advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira: "Eu paguei ao Roberto Teixeira mesmo não tendo advogado pra mim. Ele era advogado de todo mundo, menos meu, mas eu paguei. Saiu da conta corrente da minha empresa para a dele. Da mesma forma que o contrato do Glaucos saiu de minha conta da minha empresa para a do Glaucos".>
Glaucos mencionado por Demerval é Glaucos da Costamarques, que é réu nesta ação por supostamente ter emprestado seu nome para a aquisição do terreno do Instituto Lula e de apartamento vizinho ao do ex-presidente em São Bernardo do Campo.>
Defesa>
"O ex-Presidente Lula esteve uma única vez no terreno juntamente com a diretoria do Instituto Lula para avaliar o interesse da entidade na compra ou locação do imóvel. Mas de pronto foi descartado o interesse no imóvel. O Instituto Lula é associação sem fins lucrativos e jamais teve a posse ou a propriedade desse imóvel". >