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Estadão
Publicado em 30 de janeiro de 2024 às 13:24
Alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga supostos crimes de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) postou um vídeo em seu perfil no X (antigo Twitter) de como ficou a sua casa após os policiais cumprirem mandado de busca e apreensão nesta segunda-feira, 29. >
Nas imagens, é possível ver um cômodo onde móveis estão com portas e gavetas abertas e também vários itens em cima do aparador e do sofá, como cabos, caixas de equipamentos eletrônicos e outros objetos.>
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) grava as imagens silenciosamente, mas em um momento do vídeo sussurra "que mer**", ao mostrar a situação do cômodo. "Cheguei há pouco em casa com muitas coisas reviradas e largadas abertas. Aos poucos reorganizando tudo", escreveu na rede social nesta terça-feira, 30.>
Nos comentários da publicação, aliados prestaram solidariedade ao investigado. O deputado estadual do Rio Márcio Gualberto (PL) disse que o aliado "não está sozinho" e que "não há mal que dure para sempre". Outro aliado, o deputado Anderson Moraes (PL) escreveu: "forças, guerreiro".>
O filho "02" ainda usou a rede social para reclamar do porteiro de seu condomínio, sobre supostamente ter "permitido" o acesso dos policiais ao seu imóvel. "Pessoal que trabalha comigo chegando em minha casa e quem de todos que poderiam fazer contato para permitir acesso interfonando o fez? O mesmo porteiro que mentiu na Polícia Federal dando bom dia!", escreveu>
Carlos Bolsonaro se refere ao porteiro que citou seu pai na investigação da morte da vereadora do Rio Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados em 2018. O porteiro teria dito que a entrada de Elcio Queiroz, um dos acusados pela execução de Marielle, foi autorizada pelo "Seu Jair". Mais tarde ele mudou a versão, dizendo que se sentiu pressionado.>
O vereador voltou a reclamar sobre o porteiro ainda ser um funcionário do condomínio no último dia 23, após a divulgação pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, da informação que Ronnie Lessa, apontado como executor de Marielle Franco e o motorista Anderson, firmou delação premiada com a PF. O acordo de colaboração ainda não foi homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Creio que todo esse enredo é só mais uma coincidência!", disse o vereador, ao citar o funcionário do condomínio.>
Em outra publicação, o vereador afirmou que qualquer narrativa sobre sua ida à Superintendência da PF no Rio de Janeiro para prestar depoimento na manhã desta terça-feira, que não seja a captura de tela que ele mostra, é "fake news". A imagem é uma publicação que ele fez em 27 de agosto de 2023, direcionada ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, em alusão a uma possível diferenciação entre investigações que envolvem ameaças a seu pai e que estão relacionadas a outros políticos.>
Na ocasião, ele compartilhou uma publicação que mostra um boneco do ex-presidente decapitado e outras referências à morte, com a legenda "zero busca e apreensão, zero inquérito, zero perfis bloqueados, zero reportagem em repúdio, pessoas presas: zero". No título da postagem, escreveu "tudo pela manutenção da democracia". O inquérito está sob segredo de justiça.>
Entenda a operação que teve Carlos Bolsonaro como alvo no caso Abin>
Foram vasculhados diversos endereços ligados a Carlos Bolsonaro, incluindo uma casa, seu gabinete na Câmara Municipal e seu escritório político, no Rio de Janeiro, além da casa de veraneio da família, na Vila Histórica de Mambucaba, em Angra dos Reis, no litoral sul do Estado.>
Ao longo das diligências, a PF apreendeu computadores, diversos celulares e uma arma. Em Salvador, na casa de Giancarlo Gomes Rodrigues - militar do Exército que prestou serviços para a agência sob o comando de Alexandre Ramagem (PL-RJ) -, foi apreendido um notebook da Abin. A mulher do militar é servidora da agência. Em nota, a agência disse que "Giancarlo Gomes Rodrigues não trabalha atualmente na Abin".>
Segundo a PF, o vereador teria feito parte do "núcleo político" do grupo que teria se instalado na Abin no governo Bolsonaro e também seria o destinatário das informações obtidas através do monitoramento ilegal. Ele ainda não se manifestou sobre as suspeitas. A polícia chama os investigados de "organização criminosa" e vê indícios de espionagem ilegal e aparelhamento dos sistemas de inteligência. Jair Bolsonaro negou a existência do que os investigadores vêm chamando de "Abin paralela".>
A Operação Vigilância Aproximada vasculhou 21 endereços no último dia 25, quando foi deflagrada, e nesta segunda-feira cumpriu outros nove mandados de busca e apreensão, sendo cinco no Rio de Janeiro (RJ), um em Angra dos Reis (RJ), um em Brasília (DF), um em Formosa (GO) e um em Salvador (BA).>