Edital vai apoiar pesquisadores negros e indígenas em projetos de transição energética no Nordeste

Selecionados vão receber bolsa mensal de R$ 700 por dois meses e R$ 10 mil para ser aplicado em uma proposta em equipe

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Publicado em 18 de setembro de 2024 às 16:52

Turma de 2023
Turma de 2023 Crédito: Reprodução

O Instituto Mancala, com apoio do Serrapilheira, abriu inscrições para terceira edição do Projeto Mukengi, que vai selecionar 20 pessoas com mestrado ou doutorado nas áreas de ciências exatas, da vida ou da saúde, em curso ou já concluídos, para um programa de capacitação em projetos de transição energética no Nordeste. A ideia é ajudar a preparar uma nova geração de pesquisadores negros e indígenas para pensarem soluções que antedam a suas comunidades. As inscrições são gratuitas e vão até 20 de setembro. As vagas são exclusivas para candidatos autodeclarados negros ou indígenas.

“Precisamos de ações em várias frentes para superar a sub-representação de pessoas negras e indígenas nos espaços de pesquisa, e o Mukengi é especial nesse sentido, pois complementa o treinamento desses grupos em pesquisas acadêmicas com uma abordagem crítica”, diz Michel Chagas, gestor de Ciência do Serrapilheira. “O projeto problematiza o contexto de exclusão e integra, em seu programa formativo, técnicas acadêmicas com as perspectivas e valores das comunidades negras e indígenas.”

O edital foi batizado de "Energia Nordestina: Empoderamento e Sustentabilidade através da Capacitação de Pesquisadores Negros e Indígenas. 

"Quem melhor para resolver os problemas de sustentabilidade e meio ambiente das comunidade negra e indígenas, que os próprios negros e indígenas? É nisso que o Mukengi acredita: fortalecer o conhecimento em comunidade para o debate que há por vir, que mudará não só o clima, mas as nossas vidas”, afirma o coordenador do projeto, Leonardo Souza.

Para a presidente do Instituto Mancala, Rosani Matoso, "a inclusão de pesquisadores e pesquisadoras negros, negras e indígenas no desenvolvimento de soluções para suas próprias comunidades é essencial para garantir que as transições, como é o caso da economia de baixo carbono, reflitam as realidades, visões e necessidades desses povos”.

Como funciona

O Projeto Mukengi tem duas fases. Na primeira, que vai de 1º de outubro a 12 de novembro, em formato remoto, pesquisadores participam de encontros online com especialistas em sustentabilidade, abordando temas como energias renováveis e a intersecção entre questões socioambientais e raciais. Ao todo, serão 12 encontros, com duração de 1h30 cada.

Já a segunda fase será híbrida, com atividades de pesquisa que serão desenvolvidas diretamente nas comunidades negras, quilombolas, indígenas e periféricas. Neste momento, os pesquisadores irão desenvolver um projeto em equipe a partir do conhecimento adquirido na primeira etapa.

Os participantes selecionados receberão uma bolsa mensal de R$ 700 por dois meses. O edital também disponibilizará R$ 10 mil para ser aplicado em uma proposta de pesquisa na área de transição energética, a ser desenvolvida em equipe. O projeto será escolhido pelos curadores do programa de capacitação após os encontros da fase inicial.

O nome da iniciativa, Mukengi, é uma referência à palavra “pesquisador” em Kimbundu, uma língua africana de Angola.

Cronograma do Projeto Mukengi 2024:

1ª fase - on-line

  • Encontros virtuais entre 01/10/2024 e 12/11/2024, sempre às terças e quintas, das 19h às 20h30, sobre ciência, energias renováveis e inovação social.

2ª fase - semipresencial

  • Evento de abertura em Salvador, BA, no dia 25/01/2025.
  • Atividades de pesquisa aplicadas e visitas de campo durante dois meses.