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Yan Inácio
Publicado em 29 de março de 2025 às 15:08
Agora réu no Supremo Tribunal de Justiça (STF) no caso da tentativa de golpe de estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que discutiu a possibilidade de estado de sítio após a derrota nas eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. As declarações foram dadas em entrevista à Folha de S. Paulo. Bolsonaro citou sua idade ao responder sobre uma possível prisão pelo processo.
“É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”. Quando somadas, as penas pelos crimes dos quais Bolsonaro é acusado podem chegar a até 35 anos. São eles: organização criminosa armada, golpe de estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União.
O político ainda revelou que discutiu alternativas de ruptura democrática com militares, inclusive com o ministro da Defesa à época, General Walter Braga Netto. “Tem que discutir com várias pessoas. Eu tenho muita confiança nos militares. Não tem problema nenhum conversar. Conversa primeiro com o ministro da Defesa”, disse.
Uma das alternativas cogitadas foi o uso do artigo 142 para instaurar um estado de sítio, mas segundo Bolsonaro, a medida antidemocrática não “iria prosseguir”. Em meados de dezembro, ele e seus aliados teriam desistido da proposta. O motivo seria a dificuldade de administrar o “after day” do golpe.
“E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, você tem que buscar como é que está a imprensa, quem vai ser nosso porta-voz, empresarial, núcleos religiosos, Parlamento, fora do Brasil. O "after day", como é que fica?”, declarou.
Ele ainda se defendeu das acusações e disse não ter rompido com a Constituição Democrática. “Completamente injusta uma possível prisão. Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Cadê a prova de um possível golpe? A não ser discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras”, finalizou.