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Estadão
Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 19:39
Os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão usando as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus feito pela Alemanha Nazista no regime de Adolf Hitler, de 1933 a 1945, para inflar e justificar o ato marcado para o próximo dia 25 na Avenida Paulista, em São Paulo
O advogado Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, escreveu no X que ia sugerir ao ex-presidente e ao pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação, a participação do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine. Segundo Wajngarten, ele seria "muito bem recebido e acolhido".
A declaração de Lula no domingo, 18, resultou em notas de repúdio da comunidade judaica brasileira e de entidades especializadas que trabalham com a memória do Holocausto. Lula também causou um desconforto diplomático com Israel, que declarou que ele é persona non grata no país até se desculpar.
Malafaia também criticou as declarações do presidente em postagem nas redes sociais. Depois de anunciar que a Associação Vitória em Cristo financiaria a manifestação convocada pelo ex-presidente, o pastor evangélico mudou o discurso, afirmando que o ato será pago com recursos próprios. A decisão do líder religioso de custear o evento com seu próprio dinheiro ocorre após críticas nas redes sociais sobre suposto uso de dízimo de fiéis para o ato bolsonarista.
Nesta segunda-feira, 19, Malafaia afirmou que Lula "envergonha o povo brasileiro diante do mundo". "Não representa a nossa opinião e repudiamos essa fala idiota."
Lula fez as declarações na Etiópia, antes de embarcar de volta para o Brasil. Horas depois, o primeiro-ministro Israelense, Binyamin Netanyahu, reagiu à fala do petista e disse que convocaria o embaixador brasileiro no país para uma reprimenda. "É uma frase muito grave a do presidente do Brasil, que vai causar muito desconforto não só para o governo de Israel, mas para o público israelense, para as comunidade judaicas no mundo e para outros governos democráticos, que vão condenar frase do presidente brasileiro", previu, citando que espera reações dos Estados Unidos e de países da Europa.
Os filhos do ex-presidente também criticaram a declaração de Lula. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez uma série de publicações sobre o tema.
"O que Lula não apenas demonstrou desconhecimento da história, mas principalmente expôs para todo o mundo o ódio em seu coração contra o Estado de Israel. Neste momento seus marqueteiros devem estar o aconselhando loucamente para tentar reduzir os danos", escreveu.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) escreveu que a declaração de Lula é "uma fala cretina de quem desconhece a história". "Com Lula, o Brasil é uma pária mundial, um anão diplomático", escreveu.
"Esse é o comodismo por achar que está na ditadura de seu país e pode falar o que quiser que o consórcio abafa! Um arrogante que não sabe o seu lugar, que acha que está acima de tudo, que tem 'costas quentes' em qualquer lugar! A fala de Lula ainda é mais repugnante após o grupo terrorista Hamas, que assassinou milhares de mulheres, crianças e bebês recentemente, agradecê-lo pela comparação. A esquerda é diabólica!", disse.
Após a repercussão negativa da repercussão, Lula decidiu convocar ao País para consultas o embaixador brasileiro em Tel-Aviv, Frederico Meyer. Ele chega ao Brasil na quarta-feira, 21, e passará cerca de dez dias no País.
A medida é uma resposta ao fato de Israel ter convocado o diplomata para uma reprimenda ao Brasil depois de Lula comparar as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto. As declarações de Lula abriram uma crise diplomática com o governo israelense, mas o presidente reluta em pedido de desculpas.