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Rede Nordeste, O Povo
Publicado em 31 de maio de 2024 às 20:06
Djidja Cardoso, 32 anos, foi encontrada morta em casa pela família após suspeita de overdose. Djidja Cardoso ficou famosa por sua atuação com a banda do Boi Garantido, popular no festival de Parintins. Ela também conquistou mais de 80 mil seguidores no Instagram.
Os principais suspeitos de 'facilitar' o acesso de Djidja às drogas que resultaram na sua overdose são sua mãe e seu irmão, Cleusimar e Ademar Cardoso, respectivamente. Os dois foram presos na quinta-feira, 30, em Manaus, e seguem sob investigação da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
Informações indicam que a família de Djidja era usuária de ketamina (droga também conhecida como cetamina ou quetamina) e fazia parte de uma seita religiosa denominada Pai, Mãe, Vida. Além da mãe e do irmão, funcionários do salão de beleza do qual Djidja Cardoso era sócia também eram integrantes da seita e foram presos.
Marlisson Vasconcelos Dantas, que era maquiador e funcionário de Djidja, segue foragido e deverá se entregar ainda hoje, após negociações com a advogada. Em seu perfil no Instagram, o rapaz informou que a amiga estava há três dias sem usar drogas e que os familiares estavam buscando alguém para culpar pela morte dela."Minha parte eu fiz", escreveu ele. "Agora estão me acusando de ter matado Djidja. Acusem, mas eu quero provas", complementou.
Djidja começou a ganhar popularidade logo após sua primeira aparição no festival de Parintins em 2015, quando deu vida à personagem Sinhazinha, um dos personagens folclóricos principais do auto do boi no Festival Folclórico de Parintins. Ela é a filha do dono da fazenda e personagem de destaque que representa a vida no campo.
No perfil do Instagram, o Boi Garantido homenageou Djidja e lamentou sua partida. "A rosa mais linda e perfumada do curral partiu. A Cidade Garantido está em silêncio. A Baixa do São José se entristeceu. As cores hoje já não brilham tanto... A galera vermelha e branca chora. O Boi Garantido chora com sua repentina partida. Nossa sinhazinha, a dona do nosso coração, atravessou o rio. Agora é hora de descansar, hora daquele adeus", despediu-se.
Djidja foi sinhazinha do Boi Garantido por cinco anos, e logo após sua saída da função, em 2021, ela foi convidada para participar do reality show A Bordo, da TV A Crítica. O programa é um concurso de beleza que confina mulheres em um barco em Manaus.
Se consagrando vencedora do programa e ascendendo como "Rainha do Peladão", faturou o prêmio de R$ 30 mil. Anteriormente, sua mãe também já tinha vencido o concurso. Logo após, ela decidiu se tornar empresária criando o salão de beleza Belle Femme.
Cleusimar e Ademar Cardoso são os principais acusados de administrar a seita "Pai, Mãe, Vida". Eles foram presos na última quinta-feira, 30. Segundo o inquérito instaurado a partir da investigação do caso, Ademar Cardoso, irmão de Djidja, era o líder da seita e acreditava ser Jesus, enquanto a mãe, Cleusimar, seria Maria. Djidja Cardoso, que morreu nesta terça-feira, 28, seria Maria Madalena.
A Justiça do Amazonas expediu um total de cinco mandados de prisão preventiva. Na lista de crimes, estão tráfico de drogas, associação para o tráfico e também o crime de estupro, em nome do irmão de Djidja.
Confira quem são os investigados no caso:
Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja Cardoso
Cleusimar Cardoso Rodrigues, mãe de Djidja
Verônica da Costa Seixas, gerente do salão
Claudiele Santos da Silva, maquiadora do salão de beleza Belle Femme
Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro (procurado)
Outra morte, oriunda do uso de ketamina entre a família Cardoso, também deverá ser associada conforme a progressão das investigações do caso. Segundo os familiares, Ademar teria injetado a droga na matriarca da família, sua avó.
A idosa, de 83 anos, teria se queixado de dores na bacia e posteriormente o seu neto introduzido uma dose da droga no corpo da sua avó, que posteriormente faleceu por complicações.
Em depoimentos sobre o caso, pessoas que se relacionaram com o irmão da vítima confirmaram a facilitação do acesso às drogas por parte dele.
A ex-namorada de Ademar Cardoso relatou já ter utilizado ketamina e potenay, medicamentos veterinários, junto com ele e com a mãe dele. Ela relatou que, em algumas ocasiões, chegou a ser abusada sexualmente por Ademar durante o uso das drogas.
A atual namorada dele relatou que teve o uso das mesmas substâncias ordenado pela sua própria sogra, só assim a moça tinha a autorização de se integrar à família. Todo esse 'tratamento' era considerado uma forma de “purificação”.