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Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Em uma época em que as redes sociais igualaram a opinião de leigos à de prêmios nobel, é preciso criar polêmica para se sobressair e viralizar. E foi assim, viralizando polêmicas, que o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro foi marcando posição e somando eleitores. Com os escândalos de corrupção atingindo todos os partidos e caciques da política brasileira, ele passou a angariar apoio entre os desiludidos com a política e os saudosos da ditadura militar, quando, para estes eleitores, não existia corrupção ou desordem.
Bolsonaro, tem 63 anos, é formado em Educação Física pela Escola do Exército e deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro há sete mandatos consecutivos (27 anos).
Nasceu em Campinas, São Paulo, em 21 de março de 1955. É filho de Perci Geraldo Bolsonaro e de Olinda Bonturi, ambos descendentes de italianos. Em 1977, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Também cursou a Brigada de Paraquedismo do Estado. Nos anos 1980, Bolsonaro foi acusado de insubordinação. Foi quando respondeu ao seu primeiro processo, referente à Operação Beco Sem Saída, que pretendia explodir bombas em unidades da vila militar da Academia das Agulhas Negras e em outro quartéis.
O plano foi atribuído a Bolsonaro e ao Capitão Fábio Passos. Em junho de 1988, os dois foram inocentados por divergências entre os peritos: dois apontaram que Bolsonaro era o responsável pelos desenhos dos planos da operação; outros dois emitaram laudos inconclusivos.
Naquele mesmo ano, Bolsonaro foi para a reserva como capitão e se elegeu para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Dois anos depois, em 1990, renunciou à vereança para assumir mandato de deputado federal. No início de sua carreira política, ficou conhecido como uma espécie de sindicalista de famílias de soldados e cabos do Rio de Janeiro, defendendo pautas de interesse dos militares.
Ainda em 1993 envolveu-se em uma polêmica na Câmara ao alegar que a existência de muitas leis atrapalhava o exercício do Poder e defendeu o retorno do ditadura militar e o fechamento do Congresso. Na época, o deputado Vital Rego, Corregedor do Congresso, solicitou à Procuradoria-Geral da República o início de uma ação penal por crimes contra a segurança nacional, ofensa à Constituição e ao regimento interno da Câmara Federal.
A trajetória de Jair BolsonaroNascimento - 21 de março de 1955, em Campinhas (SP). Filho de Perci Geraldo Bolsonaro e Olinda Bonturi
Formação - Em 1977, fez curso na Academia Militar das Agulhas Negras (RJ) e em 1983, formou-se em Educação Física na Escola do Exército (RJ)
Carreira militar - Em 1986, lidera um protesto contra os baixos salários dos militares. E escreve um artigo na Veja intitulado “O salário está baixo”. Fica preso, por 15 dias, por infringir regulamento disciplinar. Em 1988, vai a julgamento no Superior Tribunal Militar (STM), acusado de ser um dos cabeças do plano para explodir bombas na Vila Militar da Academia Agulhas Negras. Dois peritos comprovam que os croquis dos ataques foram desenhados por Bolsonaro. Outros dois dão laudos inclusivos e ele é beneficiado pela dúvida
Carreira política - Em 1988, é eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo PDC - Partido Democrata Cristão. Entra para a reserva do Exército na patente de Capitão. Em 1991, assume o primeiro mandato de Deputado Federal, dois anos depois, em 1993, é um dos polícos fundadores do PPR - Partido Progressista Reformador; e em 1994 é reeleito para a Câmara Federal. Está no sétimo mandato e quinto partido.Campanha
À frente de um partido nanico, com pouca verba partidária e sem marqueteiros de grife, o deputado apostou nas redes sociais, terreno em que sua militância é marcada pela agressividade com que o denfende frente a quaisquer críticas, chegando, inclusive, a derrubar a página do movimento #Elenão, criada por mulheres contrárias à sua eleição. Dizem esses militantes que tirando o ex-capitão, todos os políticos são de esquerda e o Brasil vive ameaça de invasão comunista.
Mas fora deste grupo, Bolsonaro conseguiu surfar no sentimento antipetista e ganhar apoio entre os eleitores de maior renda e escolaridade. E também conquistou votos de setores da indústria e do agronegócio tradicionalmente fechados com o PSDB. Sua proposta econômica parte de uma plataforma ultraliberal, com a promessa de privatização de quase totalidade das estatais. A garantia de que isso se dará em um possível governo é dada pelo economista Paulo Guedes. Operador nas bolsas de valores do Brasil e EUA, ele já foi apontado como futuro ministro da Fazenda pelo próprio Bolsonaro.
Se o antipetismo o ajudou entre os mais ricos, nas periferias o gancho para cooptar eleitores é o seu discurso contra os defensores dos direitos humanos e a favor de maior rigidez no combate ao crime. Ele defende que a polícia deveria matar mais bandidos e que todo o cidadão deve andar armado para se defender. Posições como estas, somadas ao comportamento da militância, fazem com que seja classificado de fascista por seus adversários. O jornal francês Libération foi um dos últimos periódicos mundo afora a dedicar reportagens nada elogiosas ao ex-capitão. Entre os adjetivos com que o descreve estão "racista", "homofóbico", "misógino" e pró-ditadura". Mas nada disso foi capaz de tirá-lo da liderança das pesquisas. Nem mesmo o maior ato desta campanha, justamente a passeata do #Elenão.
Em meio a uma campanha extremamente polarizada, Bolsonaro acabou vítima de um atentado. Há cerca de um mês, ele foi esfaqueado no abdome em um ato em Juiz de Fora (MG). Hospitalizado, deixou de participar de debates e a poucos dias da votação do primeiro turno, passou a dar entrevistas individuais em programas populares.
*Ministérios - Em seu plano de governo, o candidato do PSL defende reduzir o número de ministérios, mas não diz quantos e nem quais deixariam de existir
*Emprego e Renda - Propõe a criação de uma nova carteira de trabalho, nas cores verde e amarela, para novos trabalhadores. Essa carteira seria voluntária e regida por um ordenamento jurídico próprio, dando ao trabalhador a opção de escolher entre um vínculo empregatício baseado na carteira de trabalho tradicional (azul) – mantendo o ordenamento jurídico atual –, ou a carteira verde e amarela, onde o contrato individual prevaleceria sobre a CLT.
*Forças Armadas O programa do candidato elogia as Forças Armadas e sua participação na II Guerra Mundial. Também chama a Ditadura Militar, instaurada com um golpe em 1964, de "revolução"
*Educação - O programa do candidato também prevê instalação de colégios militares em todas as capitais do país. Hoje, existem 13 colégios desse tipo em todo o Brasil.