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Começa nesta terça júri de ex-PRFs acusados de asfixiar Genivaldo com gás em viatura: 'Filme de terror diário'

Caso foi em Umbaúba, no interior de Sergipe; a vítima foi parada porque estava sem capacete e acabou morta

  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Foto do(a) author(a) Tharsila Prates
  • Estadão

  • Tharsila Prates

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 09:52

Genivaldo de Jesus foi morto em ação da PRF
Genivaldo de Jesus foi morto em ação da PRF em 2022 Crédito: Reprodução

Está marcado para esta terça-feira (26) o julgamento dos três ex-policiais rodoviários federais acusados de matar asfixiado com gás no porta-malas da viatura o motociclista Genivaldo de Jesus Santos, em 2022. Ele foi parado durante uma abordagem policial, em Umbaúba, no interior de Sergipe, porque estava sem capacete. O júri será o primeiro da Justiça Federal de Sergipe em 21 anos, informou o Estadão.

Serão julgados os réus Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Kléber Nascimento Freitas e William de Barros Noia pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado. O julgamento começa às 8h, no Fórum Estadual da Comarca de Estância, e a previsão é de que dure sete dias. A sessão será presidida pelo juiz federal Rafael Souza Soares, da 7ª Vara Federal em Sergipe.

Cinco procuradores da República, três deles de um grupo especial de apoio ao Tribunal do Júri, vão atuar na acusação. O grupo é uma unidade nacional do MPF, convocado para atuar em casos de alta complexidade.

Dois anos após a tortura e a morte, a viúva de Genivaldo disse à TV Globo, na manhã desta terça-feira (26), que vive um filme de terror diariamente. "Olho pro meu filho, que é a cara dele, e não esqueço. É um filme de terror todos os dias. Queremos ter respostas e que a justiça se cumpra", disse Marina.

Em outubro último, foi anunciado que a Justiça Federal em Sergipe condenou a União a pagar R$ 1,05 milhão em indenizações por danos morais à família de Genivaldo. Na sentença, o juiz Pedro Esperanza Sudário, da 7ª Vara Federal de Sergipe, avaliou que, nesse tipo de ação, a responsabilidade civil do Estado é objetiva e que a União é responsável pelo dano causado independentemente de intenção ou culpa dos agentes envolvidos.

Aos irmãos de Genivaldo que conviviam diariamente com ele, o valor foi fixado em R$ 100 mil para cada, levando em consideração “a convivência constante e o forte vínculo familiar”. Já o irmão que morava em São Paulo e tinha contato esporádico com Genivaldo recebeu R$ 50 mil.

O processo do caso Genivaldo Santos foi incluído no Observatório de Causas de Grande Repercussão, instituído pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público, que acompanha situações concretas de grande impacto e elevada repercussão ambiental, econômica e social, como os desastres com barragens em Mariana e Brumadinho (MG) e o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS).