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Cigarro eletrônico aumenta risco de cáries, aponta estudo da USP

Foram verificados graves danos à saúde bucal e à estrutura dos dentes

  • Foto do(a) author(a) Tharsila Prates
  • Tharsila Prates

Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 23:25

Anvisa discute regulamentação de cigarro eletrônico
Cigarro eletrônico ou vapes, que simulam o tabagismo Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil

Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da Universidade de São Paulo (USP) decidiram investigar as consequências dos cigarros eletrônicos nos tecidos dos dentes. Como resultados, verificaram que a exposição aos vapes aumenta os riscos de cáries e altera a superfície dos dentes.

Esses cigarros são dispositivos compostos de uma bateria que vaporiza um líquido com nicotina criando um vapor inalado pelo usuário, simulando o tabagismo. A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009.

Alguns estudos já apontam riscos aumentados dos cigarros eletrônicos a problemas cardiovasculares e respiratórios, além de os vapes fornecerem aos usuários até seis vezes mais nicotina que 20 cigarros comuns. Agora, para verificar a ação na saúde bucal, principalmente em longo prazo, a equipe do Departamento de Odontologia Restauradora da Forp desenvolveu um equipamento personalizado, uma máquina de teste de cigarro eletrônico que simula trago e inalação do vapor de vapes em dentes humanos.

Após testes e análises, os pesquisadores observaram desmineralização do esmalte e dentina, além das facilitações para as cáries agravadas pelo aquecimento do líquido do cigarro.

Os resultados da pesquisa, coordenada pelos professores Aline Evangelista de Souza Gabriel e Manoel Damião de Sousa-Neto, com a participação das pós-doutorandas Alice Corrêa Silva Sousa e Vitória Leite Paschoini, podem ser conferidos no periódico Archives of Oral Biology.

Metodologia

Os pesquisadores definiram um protocolo que “consistiu em inalar tragos de três segundos, com intervalos de um minuto entre cada trago”, informou Alice Sousa ao Jornal da USP, acrescentando que essa rotina foi mantida por quatro horas diárias durante 30 dias consecutivos.

No experimento, foram utilizados dentes molares humanos obtidos do Biobanco de Dentes Humanos da Forp. Colega de Alice, a pesquisadora Vitória Paschoini conta que um “biobanco é uma estrutura institucional que armazena amostras biológicas, como dentes, de forma organizada e ética, para serem utilizadas em pesquisas científicas”.

Os dentes molares, no estudo, foram expostos ao vape através da máquina especial composta de uma bomba de sucção, mangueiras e um cronômetro. A simulação, no total, durou 104 horas e utilizou 52 ml de e-líquido – substância que é vaporizada e inalada pelo usuário -, que contém em média 50 mg de nicotina por ml, o que totaliza 2.600 mg de nicotina.

Segundo Vitória, a quantidade média de nicotina em um cigarro é de 1,5 mg; desta forma, o protocolo usou o equivalente a 1.733,33 cigarros ou 86,66 maços de cigarros.

Foram verificados graves danos à saúde bucal, como a redução da “microdureza do esmalte, da dentina e da dentina radicular”, o que tornou essas estruturas mais vulneráveis a danos. Aline Gabriel ainda destaca o aquecimento do líquido dos cigarros eletrônicos na geração de um ambiente mais propício ao desenvolvimento de cáries. “Em resumo, o estudo destacou que o vapor do cigarro eletrônico pode aumentar o risco de cáries, além de comprometer a integridade dos tecidos dentários”, acrescenta.

Ao falar da relação entre o uso do cigarro eletrônico e a cárie, Aline Gabriel enfatizou ao jornal o enfraquecimento do esmalte dos dentes, que se tornam “mais suscetíveis à cárie devido a um processo chamado desmineralização (perda de minerais que constituem os dentes), o que demonstra a perda de resistência do dente”.

Além disso, a professora ressalta as maiores irregularidades na superfície do esmalte após o uso do vape que, “combinadas com o vapor do líquido do cigarro eletrônico que se acumula nos dentes, facilita a adesão da bactéria Streptococcus mutans”. Essa bactéria utiliza os componentes do líquido para formar um biofilme, uma película de microrganismos que adere ao dente, desmineralizando a superfície do esmalte e comprometendo sua estrutura, o que deixa os dentes mais vulneráveis.