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Estadão
Publicado em 25 de fevereiro de 2024 às 11:28
O cenário de inflação é positivo e deve permitir que o Banco Central diminua a taxa Selic a ao menos 9,5% este ano, disse na quinta-feira, 22, em evento do BTG Pactual, o ex-diretor da autoridade monetária e gestor de portfólio da Itaú Asset Bruno Serra. Ele acrescentou considerar possível uma taxa menor, de até 9%, mas destacou que isso exige uma postura conservadora na condução da política monetária. >
"Quanto mais o Banco Central for conservador agora, ele vai acabar colhendo frutos desse ambiente de inflação corrente mais benigno e vai poder estender o ciclo ao longo do segundo semestre, talvez com algumas reduções de 0,25 ponto porcentual a mais do que o mercado espera", disse Serra, que participou na manhã da quinta-feira da mesa "Economia em Foco: Desafios e Oportunidades Globais", do BTG Summit 2024.>
O ex-diretor do BC já espera que o IPCA, índice oficial de inflação, fique entre 3% e 3,2% este ano - mais perto do centro da meta, de 3%, do que da mediana do último relatório Focus, de 3,81%. E acrescentou que fatores como a queda das commodities agrícolas e o bom desempenho do câmbio brasileiro devem ajudar esse cenário.>
'Forward guidance'>
Antes, Serra defendeu que retire já na reunião de março o seu "forward guidance", que promete novos cortes de 0,5 ponto porcentual da taxa Selic nos dois encontros seguintes.>
Com essa comunicação mais conservadora e a expectativa de uma evolução positiva do cenário, o BC poderia reduzir mais os juros no total, argumentou.>
Resquício de incerteza sobre nomes do BC>
Na avaliação de Bruno Serra, o mercado ainda guarda alguma incerteza sobre a transição na gestão do Banco Central, embora os diretores nomeados ao longo do último ano pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tenham sido bons.>
"Tem algum resquício da incerteza na transição do BC, apesar de as nomeações dos diretores terem sido bastante boas, com todo mundo falando a mesma língua", disse Serra, durante o evento do BTG Pactual. "Ainda assim, acho que o mercado tem um pouco de pé atrás.">