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Carol Neves
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 09:05
A Polícia Civil investiga o reaproveitamento de 800 toneladas de carne estragada que ficaram submersas durante a enchente no Rio Grande do Sul e foram revendidas de maneira fraudulenta. Uma peça de picanha ainda estava sendo vendida no mercadinho de um frigorífico em Três Rios, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (22). A investigação aponta que a empresa Tem Di Tudo Salvados, localizada em Três Rios, RJ, esteve envolvida em um esquema de fraude, vendendo carne de qualidade inferior como se fosse nobre e originária do Uruguai.>
Segundo o G1, a companhia repassou carnes impróprias para consumo humano a um frigorífico, o qual já havia sido responsável por vender as 800 toneladas de carne estragada que deveriam ser descartadas e transformadas em ração animal. O material, de acordo com a polícia, foi lavado para remover os vestígios de lama e embalado de maneira a simular a origem uruguaia.>
Entre os produtos comercializados, uma peça de picanha, ainda em circulação em 22 de janeiro, fazia parte do lote de carne estragada que havia sido maquilada e oferecida como boa para consumo. A investigação teve início após o frigorífico que comprou a carne de volta relatar à polícia que havia adquirido o material impróprio para consumo, mas embalado como se fosse adequado. Quatro pessoas foram presas em flagrante.>
A polícia descobriu que o lote de carne foi enviado a um frigorífico em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, que então repassou para empresas de Minas Gerais. O material foi rastreado de volta ao Rio Grande do Sul, onde meses antes tinha sido submerso pelas enchentes. Fotos do produto indicam que, ao ser reencaminhado para o estado, a carne já apresentava sinais claros de deterioração. Através das embalagens e lotes, o produtor de Canoas reconheceu a mercadoria como sendo a mesma que havia perdido nas enchentes.>
O inquérito agora busca localizar outras empresas que, sem saber da verdadeira procedência da carne, a compraram e distribuíram por todo o Brasil. A polícia está rastreando as transações com a ajuda das notas fiscais apreendidas no frigorífico para identificar mais compradores do material.>
Além disso, a Tem Di Tudo Salvados tinha autorização para reaproveitar produtos vencidos, mas, ao invés de cumprir essa função com responsabilidade, foi flagrada vendendo carnes bovinas, suínas e de aves estragadas para açougues e mercados em diversas regiões do Brasil. O delegado Wellington Vieira explicou que a carne foi maquiada para esconder os danos causados pela lama e pelas águas das enchentes, sendo transportada para 32 carretas que seguiram para vários destinos no país.>
A polícia alertou sobre o risco à saúde gerado pela venda desse produto, frisando que o consumo de carne submersa em água pode causar sérios danos à saúde. As autoridades ainda descobriram que a empresa obteve um lucro exorbitante com o esquema. A carne, originalmente avaliada em R$ 5 milhões, foi comprada pela Tem Di Tudo Salvados por apenas R$ 80 mil, gerando um lucro de 1.000%.>
Os envolvidos no caso podem ser processados por diversos crimes, incluindo associação criminosa, adulteração de alimentos e corrupção, com repercussões em todo o país.>