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Calorão: saiba até que temperatura o corpo aguenta sem passar mal

A resistência é menor do que se supunha

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 10:12

Onda de calor no Rio de Janeiro
Onda de calor no Rio de Janeiro Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil

O corpo humano tem limites bem definidos para suportar o calor sem sofrer danos graves, embora ainda não se saiba com precisão qual é o limite exato. A maioria dos estudos considera que a temperatura de bulbo úmido (TBU) de 35ºC é o ponto crítico. Isso equivale a cerca de 39,4ºC com 75% de umidade ou 46,1ºC com 50% de umidade, condições que, embora pareçam extremas, não são impossíveis de ocorrer. Novos estudos indicam que o limite real de sobrevivência pode ser bem mais baixo, em torno de 31ºC de TBU, o equivalente a 40ºC com 50% de umidade relativa, com uma sensação térmica de 55ºC.

Esse limite de 35ºC de TBU é considerado extremo, pois representa sensações térmicas superiores a 72ºC. Em tais condições, qualquer pessoa, por mais saudável que seja, morreria em poucas horas devido ao calor descontrolado e falha nos órgãos. Embora essas condições já tenham sido observadas em algumas partes da Ásia, nunca foram registradas no Brasil.

Alguns cientistas, como Olly Jay, da Universidade de Sydney, sugerem que a TBU de 35ºC foi estabelecida com base em modelos teóricos, tratando o corpo como um objeto estático. Jay lidera uma pesquisa que simula diferentes condições de temperatura e umidade, observando grupos de pessoas em câmaras térmicas enquanto realizam atividades físicas. Seus primeiros resultados indicam que os limites de sobrevivência para jovens estariam entre 26ºC e 34ºC de TBU, enquanto para pessoas mais velhas, esse intervalo seria de 21ºC a 34ºC.

Além disso, Larry Kenney, fisiologista da Universidade da Pensilvânia, coordenou um estudo que chegou à conclusão de que a TBU de 31ºC é o limite mais realista, após monitorar a temperatura central do corpo de indivíduos jovens e saudáveis enquanto pedalavam sob diversas condições de temperatura e umidade.

Segundo Robert Meade, pesquisador da Universidade de Harvard, o cálculo de Kenney é o mais próximo da realidade. A partir de 31ºC de TBU, o risco de perda de controle da temperatura corporal e o desenvolvimento de choque térmico se tornam significativos.

Sensação térmica

Para avaliar o calor, utilizam-se diferentes índices, como a temperatura de bulbo úmido (TBU) e a sensação térmica, que considera a umidade, temperatura e vento. A TBU é considerada mais precisa, pois leva em conta a dificuldade do corpo em se resfriar quando o ar está saturado de umidade. Ela é medida por um termômetro envolto em pano úmido que simula o processo de evaporação da transpiração.

Por outro lado, a sensação térmica, embora popular, nem sempre é calculada corretamente, levando a exageros. O professor de meteorologia Wallace Menezes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, alerta que sensações térmicas de até 70ºC são irreais, pois para isso seria necessário somar variáveis que raramente acontecem juntas. A temperatura máxima ocorre à tarde, enquanto a maior umidade é registrada nas primeiras horas da manhã. "O correto é calcular hora a hora. Sensações de 55ºC já são absurdamente altas", diz ele a O Globo.