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Carol Neves
Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 08:52
Mia, uma cadela golden retriever de 11 meses, foi encontrada morta e enterrada no quintal de um hotel para cães na Zona Oeste do Rio de Janeiro, após o adestrador responsável pelo local, Mário Sérgio Dornelas, alegar que o animal havia fugido. A família da cachorra, que desconfiou da versão, contratou um detetive particular e descobriu a verdade, mobilizando investigações da Polícia Civil. Além de Mia, outros três cães foram resgatados em condições precárias, sem comida, água e vivendo em meio a fezes. As informações são do Uol.
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Francine Branchi, tutora de Mia, contou que confiou o adestramento da cadela a Dornelas após indicação de uma veterinária amiga. O local parecia adequado, com estrutura e até uma piscina, disse Francine. A família deixou a cachorra no hotel para uma estadia temporária e, posteriormente, aceitou uma proposta de adestramento de 30 dias, já que Mia precisava aprender a controlar o tempo que passava na água devido a dermatites. No entanto, o prazo foi estendido por mais 15 dias, com Dornelas alegando que a cadela ainda precisava de ajustes.>
No dia 13 de fevereiro, véspera da data combinada para a devolução, o adestrador ligou dizendo que Mia havia fugido após ele deixar o portão aberto. Francine inicialmente acreditou, mas logo desconfiou do comportamento frio e contraditório de Dornelas. "Ele me disse: 'fica tranquila, ela não vai morrer atropelada, porque está muito esperta'. Aquilo me arrepiou. Ele falava como se não fosse um problema, como se não tivesse culpa nenhuma", relembrou.>
A família decidiu investigar por conta própria e contratou um detetive particular. Imagens de câmeras de segurança e relatos de vizinhos confirmaram que Mia não havia fugido. A confirmação da morte veio quando uma ativista de direitos dos animais gravou Dornelas confessando que a cadela estava enterrada em seu quintal. Ele alegou que Mia morreu de hipertermia, um superaquecimento do corpo, e escondeu o corpo para sustentar a versão da fuga.>
Ao chegar ao local, Francine descreveu a cena como chocante. "Quando eu vi aquele lugar, meu coração apertou. Era um quadrado de cimento, sem água, sem comida, sem nada. Eles dormiam no meio das próprias fezes. Não tinha como um cachorro sobreviver ali", disse. A polícia encontrou outros três cães abandonados, anêmicos e debilitados, em condições degradantes.>
Apesar da dor, a família resgatou um dos cães, Dom, um golden retriever que estava no local. "Ele estava anêmico, apático, mas agora está aqui, no ar-condicionado, sendo amado. Ele nunca vai substituir a Mia, mas, de alguma forma, ela salvou a vida dele", afirmou Francine. Ela prometeu lutar por Justiça. "A Mia morreu, mas salvou outras vidas. Essa foi sua missão. Vamos lutar até o fim para que ele pague por isso e para que outros animais não passem pelo mesmo sofrimento.">
A Polícia Civil confirmou que o proprietário do estabelecimento vai responder por maus-tratos a animais. O artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais prevê detenção de três meses a um ano para maus-tratos, podendo chegar a três anos em casos de morte do animal. Dornelas informou que se apresentará na delegacia com seu advogado. A reportagem não conseguiu contato com a defesa. >