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Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 16:14
O Instituto Butantan submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de registro da vacina contra a dengue, a Butantan-DV. A solicitação foi feita nesta segunda-feira, 16. Se aprovado, o imunizante será o primeiro do mundo em dose única contra a doença. >
Segundo a instituição, os ensaios clínicos do imunizante demonstraram 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática e uma proteção de 89% contra dengue grave ou com sinais de alarme. Os estudos também demonstraram eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos.>
Em caso de aprovação, o centro de pesquisa poderá disponibilizar cerca de 100 milhões de doses para o Ministério da Saúde nos próximos três anos. Dessas, um milhão poderão ser entregues já em 2025. O restante seria distribuído ao longo de 2026 e 2027.>
A candidata à vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan é um imunizante tetravalente, formulado para proteger contra os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).>
"É um dos maiores avanços da saúde e da ciência na história do País e uma enorme conquista em nível internacional", comemorou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, em nota. "Vamos aguardar e respeitar todos os procedimentos da Anvisa, um órgão de altíssima competência. Mas estamos confiantes nos resultados que virão", estima.>
Os ensaios clínicos foram concluídos em junho deste ano, com os resultados mais recentes publicados na revista The Lancet Infectious Diseases. Os dados finais refletem o acompanhamento de mais de 16 mil participantes ao longo de mais de três anos. No estudo, além de demonstrar eficácia, o imunizante do Butantan se manteve seguro para toda a faixa etária de 2 a 59 anos.>
Próximos passos>
A instituição entregou nesta segunda-feira a última leva de documentos necessários para a submissão do registro na Anvisa, concluindo o envio de três pacotes de informações sobre o imunizante.>
As informações finais detalham o processo de fabricação das doses da vacina. Agora, a Anvisa deve avaliar a documentação e fazer possíveis questionamentos ao Butantan, que deverão ser esclarecidos pelo Instituto.>
Depois disso, se aprovada, a instituição deverá enviar uma solicitação de autorização de preço à Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos (CMED).>
Após essa avaliação, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) irá estudar a possível incorporação da vacina ao Sistema Único de Saúde (SUS)>
A vacina Qdenga>
O Brasil já tem um imunizante disponível contra a doença, a vacina Qdenga. Em julho de 2023, ela começou a ser oferecida pela rede privada no Brasil e, em dezembro do mesmo ano, foi incorporada ao SUS. Com isso, o País se tornou o primeiro no mundo a oferecer a vacina na rede pública.>
O imunizante é fabricado pela farmacêutica japonesa Takeda e, portanto, precisa ser importado. Além disso, deve ser tomado em duas doses. No entanto, dados do MS têm mostrado que, entre aqueles que procuraram a imunização para a primeira dose, somente 31% completaram o esquema vacinal.>
Como mostrado pelo Estadão, devido à capacidade limitada de fabricação do imunizante, o Ministério da Saúde definiu que apenas crianças de 10 a 14 anos, moradoras dos 1.920 municípios pré-selecionados, poderiam tomar a Qdenga nas unidades públicas. O imunizante, porém, tem aprovação da Anvisa para um público mais amplo: ele pode ser administrado em pessoas de 4 a 60 anos>
Na rede privada, é possível encontrar uma dose por preços que variam de R$ 360 a R$ 420. Como o esquema vacinal é composto por duas doses em um intervalo de três meses, o pacote vai de R$ 720 a R$ 840.>
Em mensagem enviada ao Estadão, Kallás destaca que a incorporação da vacina do Butantan permitirá que, em única visita a um posto de saúde, a pessoa vacinada adquira a proteção que precisa. "Com isso, a gente consegue mais agilidade no processo de vacinação", conclui.>