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Brizola é citado em arquivos sobre morte de Kennedy: 'Violentamente antiamericano'

Político brasileiro foi espionado pela CIA

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 21 de março de 2025 às 11:04

Brizola é citado em documentos divulgados
Brizola é citado em documentos divulgados Crédito: Reprodução

Os Arquivos Nacionais dos Estados Unidos recentemente divulgaram documentos confidenciais sobre o assassinato de John F. Kennedy, o presidente norte-americano que liderou o país entre 1961 e 1963, ano de sua morte. Entre os registros desclassificados, Brasil e o ex-governador Leonel Brizola (1922-2004) são mencionados, lançando luz sobre o papel do político brasileiro durante um momento crucial da história. 

Por que Brizola aparece nesses documentos?

Após a renúncia de Jânio Quadros em 1961, Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, foi uma figura central na sucessão presidencial do Brasil. Ele apoiou fortemente seu cunhado, João Goulart, que assumiu a presidência, mas que seria deposto pelo golpe militar de 1964.

John F. Kennedy e a possibilidade de intervenção militar

Uma das revelações mais impactantes dos arquivos é uma conversa secreta entre John F. Kennedy e o embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, na qual Kennedy questiona sobre a possibilidade de os Estados Unidos intervierem militarmente para depor João Goulart. O registro dessa reunião veio à tona em 2014 no site Arquivos da Ditadura e demonstra a preocupação de Washington com o governo brasileiro no auge da Guerra Fria.

A CIA vigia Brizola

A CIA estava profundamente envolvida no monitoramento da política brasileira, com um foco específico em Brizola. Os documentos desclassificados indicam que os Estados Unidos temiam a propagação do comunismo na América Latina e estavam vigilantes quanto a figuras como Brizola, descrito como "violentamente antiamericano". Em um dos relatórios da CIA, é mencionado que "o ex-embaixador cubano descreveu privadamente Brizola como tendo as melhores perspectivas para iniciar uma revolução de estilo Castro no Brasil".

Outro relatório detalha como a "subversão cubana" estava presente em diversos países da região, incluindo o Brasil. O documento cita ainda um ex-embaixador cubano, que teria caracterizado Brizola como uma das figuras mais promissoras para iniciar uma revolução no Brasil, similar à de Fidel Castro em Cuba.

A colaboração cubana e a recusa de Brizola

Um documento de 1964 da CIA aponta que Cuba estaria ativamente envolvida no apoio a movimentos subversivos no Brasil, oferecendo dinheiro, treinamento e apoio à propaganda para grupos de esquerda. A CIA relatou que Cuba enviou fundos para Brizola, com o objetivo de reforçar suas forças políticas, pouco antes do golpe que deporia Goulart.

No entanto, Brizola rejeitou o apoio de Cuba. Embora tenha apreciado o apoio moral, o governador gaúcho temia que a aceitação de tal ajuda pudesse provocar uma intervenção militar dos Estados Unidos. Um dos registros de investigação observa que Brizola "obviamente estava com medo" das repercussões internacionais caso aceitasse o auxílio cubano. A oferta de Fidel Castro foi divulgada pela imprensa, mas a proposta de apoio de Mao Tsé-Tung, da China, nunca chegou ao público.

Esses documentos desclassificados não apenas detalham o envolvimento de Brizola em um cenário de grande tensão internacional, mas também revelam o papel do Brasil como um ponto crucial na luta contra o comunismo durante a Guerra Fria. A figura de Brizola, descrito como "violentamente antiamericano", foi, sem dúvida, uma peça-chave nesse tabuleiro de influências globais.